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Papa critica pais que 'competem' com filhos para parecerem jovens

Francisco ainda alertou para o fenômeno de famílias que não conhecem suas raízes

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Por Redação
Atualização:
Papa: 'Adolescência não é patologia que deve ser combatida' Foto: EFE/Giorgio Onorati

O papa Francisco criticou nesta segunda-feira, 19, a "espécie de competição entre pais e filhos" por agirem como jovens, "uma das ameaças inconscientes mais perigosas", pois, advertiu, os adolescentes tendem a se isolar por falta de referências adultas.

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"Hoje há uma espécie de competição entre pais e filhos (...). Os nossos rapazes acham muita competição e poucas pessoas a quem se comparar", disse Francisco na abertura de um convênio da diocese de Roma sobre a educação familiar dos adolescentes.

O papa apontou que "o mundo adulto aceitou como paradigma e modelo de sucesso a 'eterna juventude'" e acredita que "crescer, envelhecer, amadurecer seja algo mau, sinônimo de vida frustrada ou acabada".

O pontífice, que se deslocou à basílica de São João de Latrão, disse que em "certo sentido esta é uma das ameaças 'inconscientes' mais perigosas na educação de nossos jovens: excluí-los dos seus processos de crescimento porque os adultos ocupam o seu lugar".

"Adultos que não querem ser adultos e querem brincar e sempre ser adolescentes. Esta marginalização pode aumentar uma tendência natural que os jovens têm de se isolar ou frear seus processos de crescimento perante a falta de uma referência", advertiu o papa.

Por outro lado, Francisco apontou que "a adolescência não é uma patologia que deve ser combatida, mas que faz parte do crescimento normal, natural da vida" dos jovens.

Neste sentido, disse que se preocupa com "a tendência a medicar precocemente os adolescentes" enchendo suas agendas, "piores que as de um alto dirigente", para mantê-los ocupados.

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O papa também alertou para o fenômeno "crescente de uma sociedade desarraigada", com "pessoas e famílias que pouco a pouco vão perdendo seus vínculos, esse tecido vital tão importante para nos sentirmos parte uns dos outros".

"Uma cultura desarraigada, uma família desarraigada, é uma família sem história, memória e raízes. E quando não há raízes, um vento qualquer pode nos derrubar", acrescentou.

Por isso, Francisco destacou a importância de fazer com que os jovens conheçam sua terra e suas origens e apontou que as redes sociais, por mais que pareçam poder oferecer esse aspecto de rede e interconexão, geram relações "voláteis".

"Se quisermos que nossos filhos estejam formados e preparados para o futuro, não conseguirão só estudando idiomas (por exemplo). É necessário que se conectem, conheçam as suas raízes", disse.

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Por último, o pontífice apostou em um modelo educativo baseado no que definiu como "uma alfabetização sócio-integrada", ou seja, que integre o intelecto, os afetos e a ação.

"Querem ser protagonistas: demos a eles um espaço para que o sejam, orientando-os, obviamente, e dando-lhes instrumentos para experimentarem esse crescimento", aconselhou o papa, que se reuniu com algumas famílias de imigrantes acolhidos pelas paróquias romanas.

Francisco centra uma parte importante do seu ministério aos jovens, e a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo de Bispos em 2018 terá como foco o tema da juventude. /EFE

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