O papa Francisco destituiu ontem um bispo paraguaio acusado de proteger um padre suspeito de pedofilia, considerando a demissão uma decisão “dolorosa”, tomada por “sérias razões pastorais”. Anteriormente, o Vaticano havia pedido a renúncia do prelado, o que teria sido recusado. Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, o Vaticano afirma ainda que a demissão do bispo de Ciudad del Este, Rogelio Livieres Plano, acontece na sequência da visita de uma delegação da Santa Sé ao Paraguai para investigar um caso que levou à troca de acusações públicas entre líderes do clero do país vizinho ao Brasil. O bispo Livieres foi publicamente atacado por colegas no Paraguai por promover e defender um padre argentino que tinha sido acusado de abuso sexual.
"Esta grave decisão da Santa Igreja foi tomada por sérias razões pastorais e motivada pelo bem maior da unidade da Igreja em Ciudad del Este e na comunidade episcopal do Paraguai", diz o comunicado. O padre argentino Carlos Urrutigoity era o número 2 de Livieres na diocese, apesar de ter sido acusado de molestar menores quando estava em uma paróquia na Pensilvânia, nos Estados Unidos. A diocese norte-americana onde trabalhava considerou publicamente que ele era "uma ameaça séria para os jovens". Mas o caso de Urrutigoity também é mais um capítulo em uma disputa ideológica no Paraguai. Em julho, Livieres afirmou que os outros bispos se opõem ao governante Partido Colorado, de direita, e comungam com a Teoria da Libertação. Na mesma época, o Vaticano suspendeu as ordenações em seu seminário e a nomeação de Urrutigoity como vigário-geral. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS