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Papa Francisco nomeia dom Orlando Brandes novo arcebispo de Aparecida

Sacerdote catarinense de 70 anos substitui dom Raymundo Damasceno Assis; pontífice também indicou novo bispo de Cristalândia, em Goiás

Por José Maria Mayrink
Atualização:

O papa Francisco nomeou Dom Orlando Brandes arcebispo de Aparecida (SP), em substituição ao cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis, que apresentou sua renúncia ao governo da arquidiocese em fevereiro de 2012, ao completar 75 anos de idade, como determina o Direito Canônico. Os dois arcebispos foram comunicados há um mês sobre a decisão e puderam trocar informações entre eles, mas tiveram de manter segredo sobre ela até esta quarta-feira, 16, quando Vaticano divulgou a notícia.

"Aceitei a nomeação com grande confiança na graça de Deus e pretendo assumir Aparecida com a melhor disposição para dar continuidade ao trabalho de Dom Damasceno, um homem de grande importância na América Latina e no Vaticano", disse Dom Orlando. "Confio na assessoria dos missionários redentoristas, que dirigem o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. No dia 9 de dezembro, vou me encontrar com o cardeal Damasceno, para me informar sobre a Arquidiocese", adiantou.

Orlando Brandes foi ordenado sacerdote em 6 de julho de 1974 Foto: Rede Vida/Reprodução

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Catarinense da cidade de Urubici, onde nasceu em 13 de abril de 1946, Dom Orlando fez o curso de Filosofia em Curitiba e estudou na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, onde se especializou em Teologia Moral. Nomeado bispo de Joinville, em 1994, foi promovido a arcebispo de Londrina em 2006. Concentrou suas atividades pastorais no setor da família, tendo sido presidente da Comissão Pastoral para a Vida e a Família na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Dom Orlando tomará posse em Aparecida no dia 21 de janeiro, data sugerida pelo núncio apostólico Dom Giovanni Danielli, ao lhe comunicar a nomeação. É norma do Vaticano dar aos bispos dois meses de prazo para preparar a transferência, ao assumirem novas dioceses. No caso de Aparecida, o trabalho exige contato com pessoas vindas de todo o Brasil, cerca de 10 milhões de romeiros por ano. "Vou aprender e me inteirar sobre essa realidade", afirmou o novo arcebispo.

Três dos antecessores de dom Orlando foram cardeais - Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, Aloísio Lorscheider e Raymundo Damasceno Assis - o que acena para a probabilidade de também ele receber o cardinalato. Embora seja pequena em dimensão territorial, Aparecida tem especial importância pelo fato de abrigar o Santuário Nacional da Padroeira do Brasil. Por isso, recebeu a visita dos três últimos papas, João Paulo II, Bento VI e Francisco. 

Wellington de Queiroz Vieira foi ordenado sacerdote em 8 de dezembro de 1996 Foto: CNBB/Divulgação

O cardeal dom Damasceno dirigiu a Arquidiocese por quase 13 anos, desde 28 de janeiro de 2004. Era até então bispo auxiliar em Brasília, cidade onde viveu por 40 anos e para onde se mudará ao deixar Aparecida. "Será semanas antes de eu completar 80 anos, em 15 de fevereiro, quando deixarei de cardeal-eleitor num eventual conclave para eleição do papa", observou. Nos últimos anos, ele exerceu funções de destaque no Vaticano, como a presidência dos sínodos para a família, em 2014 e em 2015.

Dom Damasceno, mineiro de Capela Nova, na região de Conselheiro Lafaiete, foi ordenado padre em 1968 e bispo em 1986. Eficiente executivo e homem de diálogo, foi secretário geral da CNBB por oito anos e mais tarde presidente da entidade, de 2011 a 2015. Teve contatos, durante esse período, com os presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, para tratar das relações da CNBB com o governo. "Fernando Henrique sempre nos acolheu bem, com muita atenção e a mesma coisa ocorreu com Lula, o único presidente a ser recebido numa assembleia geral dos bispos, em Itaici, região de Campinas. Com Dilma Rousseff, contatos com a Igreja foram mais raros", disse Dom Damasceno.

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O cardeal deixará Aparecida no ano do tricentenário do encontro da imagem de Nossa Senhora nas águas do Rio Paraíba, em outubro de 1717. Ele informou que o papa Francisco não virá ao Brasil para a comemoração, embora tenha pensado nessa possibilidade, conforme revelou em julho de 2013, quando visitou o Santuário Nacional, por ocasião da reunião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio. Dom Damasceno viaja nesta quinta para Roma, a fim de participar, sábado, do consistório para criação de novos cardeais, entre os quais o arcebispo de Brasília, dom Sérgio da Rocha.