Para chefe de gabinete da reitoria da UFSC, declaração de delegado é estranha

Paulo César Barcellos Cassiano Júnior afirmou que não vai permitir que a reitoria transforme a universidade em uma 'república de maconheiros'

PUBLICIDADE

Por Tomas Petersen
Atualização:

FLORIANÓPOLIS - Em entrevista realizada nesta quinta-feira (27), o chefe de gabinete da reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Carlos Antônio Oliveira Vieira, comentou as declarações do delegado da operação, Paulo César Barcellos Cassiano Júnior - que afirmou que não vai permitir que a reitoria transforme a UFSC em uma "república de maconheiros", o documento que justificaria a ação da Polícia Federal, a da ocupação à reitoria e as demais medidas a serem tomadas.

PUBLICIDADE

Quais são a reação e o posicionamento da reitoria diante das declarações do delegado Cassiano Jr. feitas à imprensa?

Nós recebemos as declarações do delegado com muita estranheza. Sempre prezamos pelo respeito às instituições, cada qual em sua instância. Estivemos na Polícia Federal no ano passado, exatamente para solicitar um apoio deles ao Departamento de Segurança do Câmpus. No entanto, sempre afirmamos que essa presença precisaria ser de forma investigativa, com uso das ferramentas de inteligência da Polícia Federal. Na terça-feira, nossa preocupação inicial era que houvesse troca de tiros dentro do câmpus ou uma reação extrema da nossa comunidade, como aconteceu.

Na quarta-feira, 26, a PF divulgou um documento datado de agosto de 2013 que justifica a atuação de agentes em operações investigativas contra o tráfico de drogas no câmpus. Segundo a nota de repúdio assinada pelas reitorias no dia 25, a PF teria desrespeitado um acordo verbal de comunicar a universidade previamente quando fossem realizadas operações no câmpus. Na nota, o documento de 2013 não foi citado. A reitoria mantém o posicionamento de que o ato da PF foi desrespeitoso ou assume que o documento daria o aval?

Nós fomos intimados pela PF. Em todo momento durante esse encontro, do qual saiu esse documento, foi falado em acesso ao câmpus para investigação contra o tráfico de drogas, com uso de ferramentas de inteligência e em momento algum solicitamos que viessem ao câmpus para efetuar prisões. Pedimos que as apreensões e flagrantes fossem feitos fora do câmpus. Temos crianças de 0 a 6 anos que estudam perto do bosque. Temíamos pelas crianças do Colégio de Aplicação e pela segurança dos nossos alunos.

Os estudantes que ocupam o Prédio 1 da reitoria reivindicam, como condição para deixar o local, a assinatura de um documento que proíba a entrada da PM no câmpus. Na audiência pública de quarta-feira, 26, a reitora assinou um termo de compromisso cujo o primeiro item garante a tomada de providências em relação a isso. A reitoria espera que com isso os estudantes desocupem o prédio? Existe algum prazo para que este encaminhamento seja realizado?

Esperamos que sim, que a normalidade volte ao campus da UFSC. Não há prazo estabelecido. Esperamos que as deliberações dos manifestantes levem em consideração as necessidades da UFSC como um todo, pois precisamos retomar as atividades.

Publicidade

Que outras medidas serão tomadas para que episódios como esse não se repitam?

Conforme delineamos no documento encaminhado aos estudantes e declaramos aos alunos durante a audiência pública, estamos elaborando um relatório circunstanciado para que os abusos sejam apurados. Queremos encaminhar esses relatos à Secretaria Nacional de Direitos Humanos e aos Ministérios da Educação e da Justiça, para que algo como o que aconteceu na UFSC não se repita aqui e nem em nenhuma outra universidade. Tomaremos as providências cabíveis, delineando novas estratégias junto às forças de segurança pública, buscando que nossas demandas sejam atendidas com respeito aos termos que delineamos anteriormente, sem violência dentro do câmpus. Também estamos propondo uma discussão com a comunidade sobre a política de segurança no câmpus.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.