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Para PF, magistrado escondeu frota de carros antigos

Hipótese reforça e tese de que informações sobre a Têmis vazaram antes da operação ser deflagrada; documentos importantes não foram apreendidos

Por Agencia Estado
Atualização:

Um dia antes de a Polícia Federal deflagrar a Operação Têmis, na última sexta-feira, 20, o desembargador Roberto Haddad, investigado no suposto esquema de venda de sentenças, escondeu parte de sua coleção de carros antigos. A manobra, no entanto, acabou sendo flagrada por câmeras de circuito interno de TV da garagem do seu prédio no Itaim-Bibi, zona sul de São Paulo. As imagens, que mostram toda a frota estacionada na noite anterior à operação e podem identificar inclusive quem retirou os veículos, já estão em poder da PF, segundo informações do Estado. A análise de todo o material apreendido será feita durante esta semana na sede da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, na Lapa. Haddad é apontado pela força-tarefa que reúne a PF, a Procuradoria da República e a Receita como um dos principais personagens da suposta organização montada no Tribunal Regional Federal da 3ª Região. O desembargador aprecia veículos antigos e é sócio, com seu irmão, de uma oficina de restauração de carros na Rua Adolfo Gordo, no bairro de Campos Elísios, no centro da capital. A oficina chegou a ser revistada na manhã de sexta-feira pelas equipes federais. Para a PF, a manobra comprova a suspeita de que houve vazamento de informações e que os investigados foram alertados, com antecedência, sobre a Têmis. Em vários locais vasculhados, não houve apreensão de papéis importantes. No apartamento onde o desembargador Haddad mora, na Rua Pedroso Alvarenga, em Pinheiros, foram achados R$ 10 mil, US$ 1,7 mil e relógios Rolex, mas nenhum documento judicial. Os investigadores descobriram que alguns integrantes do grupo, ao serem avisados por um funcionário da empresa Telefônica sobre o monitoramento , trocaram de aparelhos celulares para evitar o grampo. Segundo o delegado Luiz Roberto Ungaretti de Godoy, os suspeitos chegaram a destruir documentos e queimar provas há cerca de um mês. A PF vai pedir agora ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorização para apreender carros do desembargador. O Estado não conseguiu localizar Haddad no domingo, 22.

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