Paralisações afetam transporte público em capitais do País

Florianópolis, Rio de Janeiro e São Luís têm mobilizações por melhorias de aspectos trabalhistas; em Salvador, greve é encerrada

PUBLICIDADE

Por Tiago Décimo , Ernesto Batista , Tomás M. Petersen e Sergio Torres
Atualização:

Atualizada às 16h40

PUBLICIDADE

Mobilizações de rodoviários alteram a rotina dos transportes públicos em algumas capitais do País nesta quarta-feira, 28. Em São Luís, motoristas e cobradores das 25 empresas responsáveis pelo serviço cruzaram os braços, mas não houve confusão. Em Florianópolis, a paralisação também foi total. No Rio de Janeiro, ao menos 10% da frota não saiu das garagens, o que afetou até mesmo a chamada rede de metrô de superfície. Já em Salvador, os ônibus saíram pela manhã com escolta policial e à tarde os motoristas e cobradores aceitaram acordo com as empresas e encerraram a greve. Em todos os casos, os funcionários pedem maiores reajustes salariais, entre outras melhorias trabalhistas.

No Rio de Janeiro, a greve dos rodoviários iniciada à 0h desta quarta-feira, 28, afeta parcialmente as zonas norte e oeste, onde passageiros se acumulam em pontos e terminais, com dificuldades de embarcar em condução para o centro e a zona sul. Também na estação ferroviária Central do Brasil (pontos final das linhas suburbanas, no centro) há aglomeração nos pontos. Ainda não há informações sobre veículos depredados, como aconteceu  nas greves ocorridas deste mês.

O Rio Ônibus, sindicato das empresas, estima que 90% da frota de ônibus do Rio está circulando sem problemas. Em nota divulgada assim que a greve foi decretada, a entidade criticou “a proposta de uma nova paralisação organizada por um grupo dissidente de 150 rodoviários, que, desrespeitando decisões judiciais e recorrendo à violência, poderá novamente interromper um serviço essencial à população, causando grandes prejuízos à cidade do Rio de Janeiro”.

De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, trens, barcas e metrô estão operando com reforços nas viagens. Em uma primeira avaliação, a adesão de motoristas e cobradores à paralisação, decidida à revelia do sindicato da categoria, é menor do que nas greves que colapsaram o sistema de transportes do Rio há duas semanas. Costumeiro ponto de aglomeração na zona oeste, a favela Rio das Pedras tinha às 7h30 movimento reduzido. O Metrô de Superfície, contudo, foi afetado.

Maranhão. Os trabalhadores até foram às garagens das 25 empresas de transporte coletivo que atuam em São Luís, no Maranhão, mas não saíram para as ruas na manhã desta quarta-feira. A situação é tranquila e não houve confronto entre grevistas e forças de segurança. A perspectiva é de que 750 mil pessoas deixaram de ser transportadas.

"Chegar ao trabalho, só de mototáxi, e eles estão arrancando o couro da gente. Paguei R$ 25 por uma viagem que normalmente pagava R$ 10. Mas, se não fosse assim, não conseguiria chegar ao trabalho", contou a doméstica Cláudia Pereira, 27 anos.

Publicidade

O Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Maranhão (STTREMA) organizou a paralisação total nesta quarta-feira depois que os empresários do setor não atenderam as reivindicações dos trabalhadores, que pediram 16% de aumento salarial, reajuste do tíquete-alimentação para R$ 500, inclusão de um dependente no plano de saúde, além da implantação do plano odontológico.

A radicalização do movimento grevista aconteceu depois de quatro dias de greve em que entre 45% e 60% da frota circulava. O presidente do STTREMA, Gilson Coimbra, garantiu que todos os itens pedidos pela Justiça do Trabalho foram cumpridos e que a paralisação total segue por tempo indeterminado.

A greve com 100% desobedece uma determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que determinava que 70% da frota deveria circular. O STTREMA já foi multado em R$ 96 mil por descumprir a ordem judicial. Coimbra afirmou que o sindicato vai recorrer para não pagar a multa.

Os empresários alegam que têm um prejuízo de R$ 9 milhões por mês para manter a frota de pouco mais de mil coletivos em circulação. Eles sugerem que seria necessário reajustar a tarifa dos atuais R$ 2,20 para R$ 2,70. "É lamentável ir a uma negociação sem condições de oferecer nada, é desgastante para as duas partes. Por isso, não foi possível esse entendimento", disse o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de São Luís (SET), José Luiz de Oliveira Medeiros.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Florianópolis. Pela segunda vez no mês de maio, trabalhadores do transporte coletivo de Florianópolis paralisaram completamente as atividades nesta quarta-feira. Nenhum ônibus das nove empresas que operam na cidade saiu das garagens. A paralisação foi decidida no final da noite de terça-feira, em assembleia do sindicato que reuniu mais de 1,5 mil trabalhadores. O Sintraturb (Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Urbano de Florianópolis) protesta contra possíveis demissões de funcionários. A nova licitação do transporte público na cidade, vencida por um consórcio que reúne as mesmas nove empresas e já em vigor, prevê o afastamento dos cobradores. O Sintraturb teme demissões. No início do mês, o prefeito de Florianópolis Cesar Souza Jr. garantiu ao sindicato que assinaria um decreto que impediria as demissões – os cobradores teriam que ser realocados.Ainda na terça-feira, o Setuf (Sindicato do Transporte Urbano de Florianópolis), que representa os patrões, ofereceu uma proposta aos trabalhadores: um plano de vantagens para demissão voluntária aos cobradores e um bônus aos motoristas que passarem a cobrar passagens também. Mesmo assim o Sintraturb decidiu paralisar as atividades, até que Prefeitura e Setuf ofereçam novas propostas nesta quarta-feira. Como medida paliativa, a Prefeitura disponibilizou aos usuários de toda a cidade cerca de 200 vans escolares, ao custo de R$ 5 e R$ 7.

Salvador. Mesmo com a garantia de escolta da Polícia Militar para evitar atos de vandalismo, celebrada na terça-feira, 27, em um acordo entre a Prefeitura de Salvador e o governo da Bahia, poucos ônibus deixaram as garagens das empresas de manhã, no segundo dia de paralisação do sistema de transporte rodoviário em Salvador.

Até as 7 horas, nenhum dos cerca de 2,5 mil ônibus da frota municipal ônibus era visto na cidade. Os trabalhadores que foram até os pontos na esperança de que houvesse transporte tinham à disposição apenas os 300 micro-ônibus cedidos pela Prefeitura, na maioria dos casos superlotados, e vans de transporte alternativo. Apesar disso, o trânsito nas principais ruas e avenidas da cidade era melhor que o registrado habitualmente no horário.

Publicidade

Por volta das 7 horas, alguns ônibus começaram a deixar as garagens, em comboios de cinco veículos e escoltados pela PM. Um dos grupos, porém, resolveu voltar à garagem logo depois da primeira viagem. Os motoristas alegaram sofrer ameaças de futuras retaliações, por parte dos colegas, durante o trajeto.

Em altaBrasil
Loading...Loading...
Loading...Loading...
Loading...Loading...

A ausência dos ônibus na cidade contraria uma determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que na segunda-feira obrigou o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Estado da Bahia (Sintroba) a garantir a presença nas ruas de pelo menos 70% da frota nos horários de pico e de 50% no restante do dia, durante a paralisação, sob pena de multa ao sindicato de R$ 100 mil por dia. Para garantir o pagamento da multa, o TRT também determinou, no fim da tarde de ontem, o bloqueio da conta bancária do sindicato.

À tarde, funcionários e empresas fecharam acordo e a greve foi suspensa (clique aqui para saber mais do fim da greve em Salvador).

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.