PF indicia Lessa por fraude em Alagoas

Inquérito apura desvio de R$ 14 milhões de obras de macrodrenagem em Maceió; defesa do candidato ao governo vê ''carnaval''

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Por Ricardo Rodrigues
Atualização:

O ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa (PDT), candidato ao cargo neste segundo turno, foi indiciado pela Polícia Federal (PF) no inquérito que apura o desvio de R$ 14 milhões das obras da macrodrenagem do Distrito Industrial de Maceió. Atualizados pela taxa Selic, esses valores chegariam a R$ 46 milhões. Também foram indiciados o ex-governador Manoel Gomes de Barros e o empresário Zuleido Veras, proprietário da Construtora Gautama, responsável pelas obras, suspeitas de terem sido superfaturadas. Outras três pessoas também teriam sido indiciadas, mas os nomes não foram divulgados.Lessa e demais envolvidos foram indiciados pelos crimes de fraude em licitação, peculato, formação de quadrilha e crime ambiental. O indiciamento ocorreu de forma indireta, já que os acusados da fraude não compareceram aos depoimentos à PF, na semana passada.De acordo com o delegado Felipe Vasconcelos Correia, o inquérito 051/2009 foi concluído e encaminhado à 2.ª Vara da Justiça Federal, que deverá notificar os envolvidos. O inquérito será levado da Corregedoria da Justiça Federal para o Ministério Público Federal (MPF).Para o advogado de Lessa, José Fragoso, o indiciamento "não significa nada". Fragoso disse que seu cliente só vai se pronunciar depois que o MP oferecer denúncia e que o indiciamento rendeu "esse carnaval todo" porque Lessa é candidato.Acusações. O caso, por sinal, tem sido tema recorrente na disputa entre Lessa e o atual governador, Teotônio Vilela Filho (PSDB), candidato à reeleição. Um acusa o outro de envolvimento nas investigações da Operação Navalha, deflagrada pela PF em 2007. Lessa acusa Vilela de responder na Justiça a denúncia de que teria recebido R$ 500 mil da Construtora Gautama, por ter facilitado a aprovação de emendas para as obras da macrodrenagem. Já o tucano diz que o ex-governador é quem está "até o pescoço" envolvido com o superfaturamento das obras. Lessa estava em seu segundo mandato quando as investigações vieram a público, mas as obras foram iniciadas por seu antecessor, Manoel Gomes de Barros.Segundo Fragoso, caberá à Justiça e ao MPF decidirem a culpabilidade de cada um. "A partir de agora, a Justiça avalia se as informações procedem e, se for o caso, o MP oferece denúncia."

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