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PF investiga participação de outros agentes da corporação

Um dos suspeitos é o delegado federal aposentado Oscar Camargo Costa Filho, que já ocupou a Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo

Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Federal (PF) investiga a participação de outros agentes da corporação no esquema ligado a bingos e máquinas caça-níqueis, desbaratado nesta sexta-feira, 13, pela Operação Hurricane (furacão, em inglês). Entre bicheiros e membros do judiciário, a PF prendeu dois policias da ativa e um aposentado. O caso, no entanto, envolve outros agentes cujos nomes ainda não vieram à tona. Um dos suspeitos, segundo a PF, é o delegado federal aposentado Oscar Camargo Costa Filho, que já ocupou a Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo e hoje é advogado com escritório na Avenida Paulista. As gravações da PF mostram Costa Filho intermediando conversas entre representantes de bingos e policiais federais. Na sexta-feira, o escritório e a residência do suspeito foram alvo de uma operação de busca e apreensão. A Diretoria de Inteligência Policial (DIP), que investiga policiais suspeitos de corrupção, já sabia do envolvimento de agentes com os bingos e com os desembargadores José Eduardo Carreira Alvim e José Ricardo Siqueira Regueira, que foram presos na sexta-feira. Há inclusive histórico de monitoramento dos dois em encontro com policiais. Uma das ações flagrou uma conversa no restaurante Garden, em Ipanema, com agentes e delegados da PF. Suspeitas Em operação coordenada pelo subsecretário de segurança do Rio, Márcio Derene, então ocupando o posto de delegado da PF, policiais à paisana acompanharam Regueira até o restaurante Antiquárius, no Leblon. O desembargador descobriu a presença dos policias e registrou ocorrência alegando que tinha direito a foro especial e, por isso, não poderia estar sendo seguido pelos agentes sem autorização. A operação, porém, havia sido autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Outra prova de que a ligação dos desembargadores era íntima é o fato de Alvim ter descoberto que seu gabinete, no prédio do Tribunal Regional Federal (TRF), estava com escutas. Segundo queixa feita pelo desembargador, ele foi alertado "por amigos" de que estaria sendo monitorado e contratou especialistas para rastrear a sala e seus telefones. Alvim fotografou os grampos e disse que sua instalação era motivada pela briga que havia pela eleição do TRF. De acordo com as regras, ele seria o novo presidente no biênio que começou na quinta-feira. Mas, o então presidente do tribunal, Frederico Gueiros, sabia da investigação a mando do STJ. Quando Alvim descobriu o monitoramento, a Polícia Federal considerou encerradas as investigações, o que apressou a ação de sexta-feira, que culminou com a prisão de 25 pessoas. Os grampos feitos contra policiais, advogados e juízes abriram os horizontes das investigações para outros esquemas de corrupção, inclusive envolvendo outros membros do Judiciário. Novas investigações devem ser iniciadas para comprovar as suspeitas, desta vez sem necessidade de autorização do STJ, uma vez que os envolvidos não estariam sujeitos a foro especial. A operação A Operação Hurricane, realizada pela Polícia Federal, realizou 25 prisões nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e no Distrito Federal e ocorreu após um ano de investigações, ordenadas em uma operação sigilosa pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), César Peluzzo. A operação teve como objetivo desarticular uma suposta organização criminosa que atuava na exploração do jogo ilegal e cometia crimes contra a administração pública. Foram cumpridos 70 mandados de busca e apreensão e 25 mandados de prisão contra chefes de grupos ligados a jogos ilegais, empresários, advogados, policiais civis e federais, magistrados e um membro do Ministério Público Federal. Na operação a Polícia Federal apreendeu 30 carros de luxo, uma moto e uma grande quantidade de dinheiro, sendo necessário um carro-forte para o transporte até uma agência da Caixa Econômica Federal. A investigação começou há um ano na 6ª Vara Federal do Rio, com a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho e, em setembro de 2006, foi remetida pelo procurador geral da República, Antônio Fernando de Souza, para o Supremo Tribunal Federal, devido ao surgimento do nome do ministro do Supremo Tribunal de Justiça, Paulo Medina. A partir de então, o inquérito 2.424/2006 passou a ser presidido pelo ministro do STF, Cézar Peluso. Ele autorizou a instalação de escuta, inclusive no gabinete de Alvim. Os presos - Ailton Guimarães Jorge - bicheiro, conhecido como Capitão Guimarães, é presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro - Ana Claudia Rodrigues do Espírito Santo - Anísio Abrão Davi - bicheiro e presidente de honra da Beija-Flor - Antonio Petrus Kallil - bicheiro, conhecido como Turcão - Carlos Pereira da Silva - delegado da Polícia Federal de Niterói - Delmiro Martins Ferreira - Ernesto da Luz Pinto Dória - juiz do Trabalho do TRT da 15ª Região (Campinas, SP) - Evandro da Fonseca - advogado - Francisco Martins da Silva - Jaime Garcia Dias - advogado - João Sérgio Leal Pereira - procurador da República. Acusado de integrar esquema de fraudes em sentenças judiciais ao lado do desembargador Ivan Athié. Está afastado do cargo. Foi preso na Bahia. - José Eduardo Carreira Alvim - ex-vice-presidente do TRF-2.ª Região, do Rio de Janeiro e Espírito Santo, e desembargador federal - José Luiz Rebello - José Renato Granado Ferreira - empresário - José Ricardo de Figueira Regueira - desembargador federal - Júlio Guimarães Sobreira - Laurentino Freire dos Santos - Licínio Soares Bastos - Luiz Paulo Dias de Mattos - delegado da Polícia Federal - Marcos Antônio dos Santos Bretas - Paulo Roberto Ferreira Lima - Sérgio Luzio Marques de Araújo - advogado e irmão do juiz federal Marcelo Luzio - Silvério Néri Cabral Junior - advogado - Susie Pinheiro Dias de Mattos - delegada da Polícia Federal. Estava licenciada para exercer o cargo de corregedora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), com função era combater as fraudes de combustíveis. - Virgílio de Oliveira Medina - advogado. Irmão do ministro do STJ Paulo Medina

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