PF usou veículo não-tripulado para monitorar traficante

Vant tem câmera infravermelha de alta precisão e também pode ser usado à noite. Veículo será empregado no Complexo da Maré

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Por Thaise Constâncio
Atualização:

Atualizada às 20h11

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  RIO - A Polícia Federal (PF) usou um veículo aéreo não-tripulado (vant), avião com câmera e sem piloto, para monitorar os passos do traficante Marcelo Santos das Dores, de 32 anos, conhecido como Menor P, preso nesta quarta-feira, 26, no Rio de Janeiro. Em depoimento, ele afirmou ser "o dono" do tráfico de 11 favelas controladas pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), no Complexo da Maré. O equipamento também será usado na ocupação do conjunto de favelas por tropas federais, em 7 de abril.

Em 2013, o vant foi usado unicamente para acompanhar o criminoso, um dos bandidos mais procurados do Rio. Após um ano de investigação, ele foi preso na noite de quarta-feira, em Jacarepaguá, zona oeste da cidade.

Apesar de ter 9,3 m de comprimento e 16,6 m entre as asas, é quase impossível detectar o vant, que pode alcançar 10 mil metros de altura e voar por 37 horas contínuas. A câmera infravermelha de alta precisão permitiu que o veículo fosse usado de dia e à noite como mecanismo de vigilância e monitoramento da área por onde o traficante circulava.

Com a aproximação da ocupação da Maré, o vant auxiliará o trabalho das tropas federais que ficarão na região até a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) no segundo semestre. "Esse foi um pedido da Secretaria de Segurança e estamos trabalhando para trazê-lo a tempo", garantiu o superintendente regional da PF no Rio, delegado Roberto Cordeiro.

Oito mandados. Contra Menor P, que era investigado por crimes como homicídios, tráfico de drogas, associação para o tráfico, e lesão corporal, havia oito mandados de prisão. Quando foi preso pelos agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF, ele estava sozinho em uma cobertura duplex de luxo. Em uma ação cinematográfica, os policiais cercaram o edifício e invadiram o apartamento, que tinha um deque com piscina, onde foram encontrados cerca de R$ 4 mil em espécie. Desarmado, ele não reagiu.

"Depois que fomos comunicados sobre a ocupação do Complexo da Maré, intensificamos o trabalho de campo e dos órgãos de inteligência da PF no provável local de fuga dele. Em reuniões, a Secretaria de Segurança, o Exército e outros órgãos demonstraram grande preocupação com a presença dele na área", disse o responsável pelo caso, delegado-chefe da DRE Fábio Andrade. "Ele é uma pessoa extremamente vaidosa. Perguntei se ele era o chefe da facção e ele disse que é o dono do Complexo da Maré", acrescentou.

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O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, solicitará a transferência do traficante da penitenciária Bangu 1, na zona oeste do Rio, para um presídio federal de segurança máxima fora do Estado. O advogado Nilson Lopes pedirá que a pena seja cumprida no Rio. "A família dele está arrasada. Mas será provado na Justiça que a maioria das coisas que dizem sobre ele são falácias, exageros". Ex-militar do Exército, o traficante usava técnicas aprendidas no paraquedismo para treinar seus subordinados e recrutar novos soldados do tráfico.

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