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Pico de consumo de energia pode ter causado blecaute

No Operador Nacional do Sistema Elétrico circulam informações de que houve demanda excessiva por energia por volta das 15 horas

Foto do author André Borges
Por Anne Warth e André Borges
Atualização:
Apagação que atingiu a Linha 4 do Metrô refletiu na circulação de trens da CPTM na Linha Coral, na Estação da Luz Foto: Alex Silva/Estadão

BRASÍLIA - Um pico de consumo de energia pode ter sido o responsável pelo blecaute que atingiu vários Estados do País na tarde desta segunda-feira, 19. No Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) circulam informações de que houve demanda excessiva por energia por volta das 15 horas. 

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O ONS determinou que diversas distribuidoras de energia, com operações nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, reduzissem a oferta de energia durante uma parte da tarde desta segunda-feira, 19. Foram relatados problemas de falta de luz por usuários de redes sociais de oito Estados - São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul -, além do Distrito Federal.

A decisão do ONS de determinar a redução de energia a diversas distribuidoras foi uma resposta ao excesso de consumo. Esses picos costumam ocorrer entre as 14 e 15 horas, com o acionamento conjunto de equipamentos como ar-condicionado, que puxam muita energia da rede.

"A decisão de aliviar a carga nessas regiões ocorre para preservar o sistema elétrico como um todo e evitar um problema ainda maior", analisa o especialista Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc, gestora independente de energia elétrica.

Com o pico de consumo de energia, a frequência do sistema começou a oscilar, o que tornou a rede instável e ocasionou o desligamento da usina de Angra 1. Com a saída de Angra 1 do sistema, a demanda por energia poderia crescer ainda mais e superar a geração, o que levaria a um blecaute generalizado em diversos Estados do País.

Para evitar que isso ocorresse, o ONS mandou as distribuidoras de energia cortarem a carga imediatamente. Ao cortar a carga, sem que o sistema caia, o fornecimento de energia pode retornar aos poucos. Foi essa ordem do ONS que gerou o apagão que atingiu as regiões Sul e Sudeste do País.

Com a decisão de preservar ao máximo os reservatórios das hidrelétricas e de utilizar tudo o que for possível da geração de usinas térmicas, o ONS, responsável pela gestão do setor elétrico, reduziu sua capacidade de administrar os picos de consumo por meio do acionamento de energia de outras fontes.

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Segundo Vlavianos, com o alívio da carga, o ONS consegue administrar a situação, o que não seria possível caso o volume de demanda ultrapasse a carga disponível no País.

A decisão de realizar esse tipo de operação em grandes centros deve-se ao fato destes serem os maiores consumidores de energia, disse Vlavianos. Caso tomasse a mesma medida na região Norte, por exemplo, o efeito sobre todo o sistema seria marginal.

O consumo de energia tem batido recordes diários neste mês. No dia 13 de janeiro, a região Sudeste/Centro-Oeste chegou a registrar 51.295 megawatts (MW). No último dia 15, o consumo nacional chegou a 83.790 MW, bem próximo do máximo já registrado, de 85.708, em fevereiro do ano passado.

"Estamos com o pior nível de chuvas do ano. As térmicas estão na base despachando tudo. Chega uma hora que a reserva não dá conta. Estamos usando tudo no limite", disse Vlavianos.

A capacidade total de geração do Brasil é de 130 mil MW, mas a energia efetivamente disponível costuma girar em torno de 85 mil MW.

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