Pilotos do Legacy envolvidos na queda do Boeing da Gol são condenados

Joseph Lepore e Jan Paul Paladino vão cumprir 4 anos e 4 meses de pena com serviços comunitários; durante período, licença de pilotagem de ambos não terá validade

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Por Pedro da Rocha
Atualização:

SÃO PAULO - Os pilotos americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino foram condenados na noite de segunda-feira a quatro anos e quatro meses de detenção pelo acidente da Gol. Lepore e Paladino pilotavam o jato Legacy no dia 29 setembro de 2006, quando a aeronave bateu na ponta da asa do Boeing que fazia o voo 1907.

 

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A decisão foi dada pelo juiz federal substituto de Sinop, no Mato Grosso, Murilo Mendes, e convertida em prestação de serviços comunitário nos Estados Unidos em órgãos brasileiros. No período da pena, as licenças de voo de ambos ficarão suspensas. Cabe recurso no Tribunal Regional Federal (TRF). A decisão foi considerada "uma vitória" pelos pilotos e revoltou as famílias dos 154 mortos.

 

Na sentença, Murilo Mendes explica que os pilotos foram considerados culpados por não terem verificado o transponder - equipamento que informa a posição da aeronave para o controle de trafego aéreo e outros aviões - e o equipamento anticolisão do jato Legacy. "Ficaram quase uma hora sem verificar o painel (da aeronave), sem efetuar as checagens necessárias, sem exercer com diligência a função de monitoramento da aeronave. Durante uma hora foram passageiros!", escreveu o juiz na sentença.

 

Os pilotos foram denunciados em maio de 2007 junto com quatro controladores de voo, por crime de atentado contra a segurança do transporte aéreo nacional. Os americanos foram absolvidos da acusação de negligência em 2008, mas em 2009, a justiça ordenou novo julgamento.

 

 

Em entrevista ao Estadão.com.br, o juiz Murilo Mendes disse que a decisão sobre o julgamento dos controladores de voos envolvidos no acidente deve ser dada até este final de semana. Se condenados, eles podem pegar de 2 a 5 anos de reclusão, mais multa.

 

Jomarcelo estava no comando na hora em que o Legacy sobrevoou Brasília. Ele passou para o colega que o rendeu, Lucivando, a informação errada de que a aeronave voava a 36 mil pés. Jomarcelo também ignorou o aviso de Lepore de que voavam a 37 mil pés. Ele disse que tem nível de proficiência 1 em inglês, em uma escala de até 5. A legislação internacional exige nível 4.

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Lucivando chorou ao lembrar do acidente e disse que percebeu tarde que os aviões estavam em rota de colisão. A aeronave já estava na chamada zona cega, onde instrumentos de radar não funcionam, perto da Serra do Cachimbo. E disse que não recebeu, por falhas que não soube explicar, os pedidos de orientação feitos pelos pilotos do Legacy.

 

Tragédia. O Boeing da Gol seguia de Manaus para Brasília. O jato Legacy ia de São José dos Campos em direção a Manaus, onde deveria pousar e seguir no dia seguinte para os Estados Unidos. A 37 mil pés, próximo do município de Peixoto de Azevedo, a asa esquerda do Legacy colidiu com o Boeing, provocando a queda do avião com 154 pessoas a bordo. / COLABOROU FÁTIMA LESSA

 Atualizado às 9h28

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