Piora estado de saúde de menina abandonada em rio de Minas

Batizada de Michele pelos médicos, ela teve convulsões e sofre hemorragia pulmonar; mãe está presa

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Por Elvis Pereira
Atualização:

O estado de saúde da recém-nascida encontrada no Rio Arrudas, em Contagem, piorou na noite de segunda-feira, 1º. Segundo boletim médico divulgado na manhã desta terça-feira, 2, Michelle, como foi batizada pela equipe médica da maternidade, sofreu hemorragia pulmonar e continua tendo crises convulsivas. Ela segue internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal da Maternidade Municipal, onde respira com a ajuda de aparelhos.   Mãe que jogou menina em rio poluído sai do hospital em MG   Os médicos têm duas hipóteses para o quadro dela: trauma em razão da altura em que foi atirada; e hipóxia - falta de oxigênio no período imediatamente após o parto. Na tarde de quarta-feira, 3, a recém-nascida passará por um ultrassom transfontanela para confirmar se há lesão neurológica. A mãe da menina, Elisabete Cordeiro dos Santos, de 25 anos, está presa.   Na tarde de segunda, a garota Brenda Martins, de 9 anos, e sua mãe Vaneide Martins visitaram a recém-nascida. Brenda viu a garota boiando com a cabeça encostada em uma pedra enquanto brincava nos fundos da casa, na beira do rio. Desesperada, ela gritou e chamou os pais, pedindo socorro.   A princípio, Brenda acreditou ou que se tratava de uma boneca. "Vi que era gente quando ela respirou, e a costela mexeu", contou a vendedora Vaneide Martins dos Santos, que foi alertada pela filha. As duas compareceram à CTI e Brenda deixou o local bastante emocionada.   Prisão em flagrante   A polícia mineira prendeu em flagrante na manhã desta segunda, Elisabete Cordeiro dos Santos, de 25 anos. Ela confessou ter jogado a filha recém-nascida no ribeirão Arrudas. Elisabete foi autuada por tentativa de homicídio. A menina foi resgatada com vida por populares das águas poluídas do ribeirão, que recebe dejetos de toda a região metropolitana da capital mineira, na tarde de domingo.   O delegado Anderson Pires Bahia, do 4º Distrito Policial de Contagem, disse que depois de submetida a exames no Instituto Médico-Legal, em Belo Horizonte, ela precisou ser internada para a realização de uma curetagem uterina. Elisabete deverá ficar internada de 24 a 72 horas. Aos policiais, a jovem disse que tomou remédios abortivos na madrugada de domingo.   Os medicamentos provocaram o nascimento prematuro da criança, no oitavo mês de gravidez. Conforme o delegado, Elisabete disse que ingeriu ervas conhecidas como "buchinha paulista" e "um comprimido azul", não identificado. Após o nascimento da criança, ela afirmou que colocou a menina dentro de uma sacola plástica e jogou-a pela janela no ribeirão Arrudas.   Solteira, a jovem disse também que escondeu a gravidez do pai e dos familiares. A polícia já tinha a identificação e procurava o pai da criança para que ele fosse ouvido. "Ela falou que não queria a criança e por isso tomou abortivo. Quando a criança nasceu, ela jogou pela janela", destacou o delegado. "Em momento algum ela falou em arrependimento".   Bahia concluiu que o crime foi praticado "com premeditação". Ele solicitou que a mãe fosse submetida a exames, inclusive de sanidade mental. A versão apresentada por Elisabete ainda será investigada e confrontada com a perícia. A recém-nascida foi encontrada na tarde de domingo, nas águas do ribeirão, amparada por uma pedra. Testemunhas disseram que ela estava nua, ainda com o cordão umbilical e suja de placenta. O delegado não soube estimar a distância que a criança teria percorrido no ribeirão.

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