
NATAL - A Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Norte divulgou neste domingo, 22, que, na última semana, 17 pessoas foram detidas por ligação com a rebelião que deixou 26 mortes na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal, e pela onda de ataques que se seguiu na capital e no interior. Contra elas, foram instaurados inquéritos que deverão apurar as responsabilidades dos envolvidos em crimes como homicídio e incêndio. Mesmo com a chegada completa do efetivo previsto das Forças Armadas, 1,8 mil agentes, ônibus do transporte público tiveram a circulação reduzida pelo quinto dia.
O balanço da secretaria inclui os cinco homens retirados do pavilhão 5 de Alcaçuz dois dias depois do massacre. Eles foram apontados como líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e teriam coordenado as mortes. O grupo foi autuado por dano ao patrimônio público, lesão corporal, vilipêndio de cadáver e organização criminosa, além dos 26 homicídios qualificados. Cláudio Candido do Prado, Tiago de Souza Soares, Paulo da Silva Santos, José Francisco dos Santos e Paulo Márcio Rodrigues de Araújo aguardam que a Justiça analise o pedido para transferência a uma unidade federal.
Detentos fazem batalha campal na Penitenciária de Alcaçuz, no RN


Além da Polícia Militar, participaram das prisões os agentes da Força Nacional de Segurança, cujo efetivo no Estado foi reforçado desde a semana passada, e da guarda municipal. Entre os detidos estão dois adolescentes, além de homens que foram presos tentando jogar munição para dentro de Alcaçuz e envolvidos com os incêndios contra veículos do transporte público e carros oficiais.
Alysson Roberto Silva Diniz, de 28 anos, foi preso no sábado após a polícia tê-lo identificado como responsável pelo incêndio de três ônibus em Barra de Maxaranguape, a 45 quilômetros da capital. A pasta de segurança informou ainda que foi presa uma pessoa suspeita de ter gravado e divulgado um vídeo pelas redes sociais com conteúdo de ameaças à sociedade.
Ônibus. Desde a quarta-feira passada, quando teve início a onda de ataques em Natal, a circulação de ônibus está sendo afetada parcial ou totalmente. Neste domingo, os veículos não saíram das garagens, prejudicando a rotina de cerca de 400 mil pessoas que dependem do serviço; não houve registro de ataques na madrugada deste domingo. A expectativa das empresas e dos rodoviários é que a atividade possa ser retomada nesta segunda.
Neste domingo, o efetivo completo das Forças Armadas passou a atuar na região metropolitana. Homens e mulheres do Exército, Marinha e Aeronáutica realizam patrulhamento ostensivo a pedido do governador Robinson Faria (PSD). São 1,8 mil pessoas deslocadas para reforçar a segurança na cidade após as ordens de ataques que partiram de dentro do presídio de Alcaçuz. A quantidade representa o equivalente a 20% do efetivo total da Polícia Militar potiguar.
Neste domingo, a situação na unidade era de relativa tranquilidade. Presos eram vistos circulando livremente pelos pavilhões e pela área externa, mas evitaram subir ao teto das estruturas e realizar ameaças contra a facção rival. Para separar os grupos, o governo pretendia terminar neste domingo um muro dividindo os pavilhões 1, 2 e 3 do 4 e 5. A estrutura provisória está sendo montada com contêineres, que, postos lado a lado, formarão uma barreira de cerca de seis metros de altura. O governo aponta esse como o primeiro passo para retomar o controle da unidade e evitar novas mortes.