Polícia volta à favela onde Tim Lopes desapareceu

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

No dia em que a morte do jornalista Tim Lopes completou um mês, policiais voltaram à Favela Vila Cruzeiro, onde ele desapareceu, em busca do bando do traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, apontado como executor do repórter da TV Globo. Ninguém foi preso. Na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), foi realizado ato ecumênico em homenagem a Lopes, com a presença de companheiros de trabalho, parentes e religosos. A polícia havia recebido denúncias anônimas dando conta de que integrantes da quadrilha de Elias Maluco ainda estariam no morro, na zona norte do Rio. Com o auxílio de um helicóptero, 60 policiais civis percorreram por quatro horas as vielas da Vila Cruzeiro. As equipes visitaram três endereços fornecidos pela pessoa que denunciou. Um deles era da mãe de André da Cruz Barbosa, o André Capeta, que, pelo depoimento de outros bandidos, teria capturado Lopes na Vila Cruzeiro no dia 2 de junho e depois cortado suas pernas, já no alto da Favela da Grota - onde, depois, ele teria sido queimado e enterrado numa cova rasa. A mãe do traficante disse que o filho esteve em sua casa há alguns dias, mas depois desapareceu. Os demais endereços seriam de pessoas que teriam envolvimento com os outros bandidos acusados da morte de Tim Lopes - além de André Capeta e do próprio Elias Maluco, são procurados Maurício de Lima Matias, o Boizinho, e Anderson Marins de Carvalho, o Ratinho. Quatro bandidos que também teriam participação na execução já estão presos. "Recebemos informações de que o Elias está em 20 bairros diferentes. Temos de checar tudo", disse o inspetor Daniel Gomes, da 22ª Delegacia Policial, que investiga o crime. Participaram da operação policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), das delegacias da Penha, Bonsucesso, Ilha do Governador, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e a de Homicídios. Ato Cerca de 200 pessoas participaram do ato ecumênico em memória de Tim Lopes, no auditório da ABI, centro da cidade. Entre elas a mãe do repórter, Maria do Carmo, a viúva, a estilista Alessandra Wagner, irmãos e sobrinhos. Alessandra falou pela primeira vez sobre a perda do marido. "Há um mês, Tim me deu um beijo e saiu para trabalhar. Parece que foi ontem, tão forte e viva é a presença dele junto de mim. Parece uma eternidade, tão grande é a saudade. Fica o vazio e fica a serenidade, apesar da dor", disse Alessandra. Ela lembrou a forma cruel com que Lopes foi assassinado. "Eles quiseram ter certeza de que não sobraria nada do Tim. E dividiram o homem de bem em vários pedacinhos, sem contar que cada um deles virasse semente e frutificasse no alto do morro e, do alto do morro, no coração de cada um de nós." Alessandra pediu que a população vá às ruas pedir justiça e paz. Para o próximo domingo, está marcada nova manifestação em homenagem a Tim Lopes. Será na Tijuca, zona norte do Rio. Os jornalistas defenderam que o corpo do repórter volte a ser procurado. "A gente quer o Tim. Há um mês estamos angustiados. Ele merece um enterro digno", disse Nacif Elias, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio. Para a polícia, apesar de os restos mortais de Lopes não terem sido encontrados, o crime já está esclarecido, porque se sabe quem o cometeu e há provas materiais.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.