Detentos fazem rebelião e mantêm reféns em presídio de Londrina

Presos atearam fogo a colchões e ameaçam jogar reféns do alto do prédio; Polícia Militar negocia com o grupo fim do movimento

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Por Danilo Marconi
Atualização:

Atualizada às 15h45

Presos ameaçam jogar reféns do alto do prédio Foto: Roberto Custodio/JORNAL DE LONDRINA

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Atualizada às 21h35

LONDRINA - Presos da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL 2) destruíram grande parte do prédio de 9,9 mil metros quadrados de área, durante rebelião iniciada às 11h40 desta terça-feira, 6. Armados com facas e estoques (facas improvisadas), os detentos da Galeria 21, onde estão integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), tentaram dominar agentes penitenciários. Rapidamente, tomaram toda a unidade e fizeram 11 pessoas reféns. Até as 21 horas, a rebelião ainda não havia terminado.

A PEL 2 é o maior presídio do interior do Paraná, com capacidade para 960 homens, mas abriga 1.150. A unidade era a única administrada pelo governo estadual que ainda não havia passado por nenhuma rebelião neste ano. “Alertamos sobre isso. Encaminhamos representação ao Ministério Público Estadual e até para a Corte Interamericana (sobre o risco de um motim)”, afirmou o advogado do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindarspen), Mário Barcosa. 

Feridos. Os reféns de Londrina, a maioria estupradores e ex-policiais, foram amarrados, torturados e ameaçados de morte. Entre eles estava o ex-PM Pedro Serapião, detido desde setembro do ano passado por tráfico de drogas. Ele chegou a ser jogado do telhado, com as pernas amarradas, e suspenso posteriormente. Outros dois detentos pularam do telhado e quebraram as pernas. Acabaram sendo socorridos e internados em hospitais de Londrina.

Durante a rebelião, os presos atearam fogo em galerias e colchões e ameaçaram realizar uma fuga em massa. A fumaça preta tomou a área e chegou a causar pânico entre parentes dos detentos que acompanhavam a movimentação a distância.

O prédio foi cercado pela polícia, que chegou a usar bombas de efeito moral. O Batalhão de Choque, de prontidão, não invadiu a unidade.

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Faixas foram espalhadas pelo telhado do presídio com menções ao PCC e reivindicações. Usando celulares, os detentos cobravam melhores condições de infraestrutura, comida de qualidade, mais dias de visitas e tempo de sol. Um lençol também levava a frase: “Fim do trânsito em julgado”, cobrando agilidade no andamento dos processos. Um cordão de isolamento foi montado, para deixar os parentes dos detentos mais isolados, e ânimos chegaram a ficar exaltados. Houve empurra-empurra e pedras foram arremessadas contra os policiais.

Negociação. Os presos também reivindicaram a presença do coordenador do Departamento de Execuções Penais do Estado (Depen), Luiz Alberto Cartaxo, para a negociação. Ele chegou no meio da tarde em Londrina. Cartaxo estava acompanhado do juiz da Vara de Execuções Penais, Katsujo Nakadomari, de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Pastoral Carcerária e do Centro de Direitos Humanos (CDH). Antes de entrar na PEL 2, o coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Paulo Magno, disse à imprensa local que o motim foi uma “surpresa”, pois a entidade nunca recebeu queixas nem pedidos de pessoas detidas na unidade prisional do norte paranaense.

Os presos também cobraram a presença dos próprios advogados, mas não houve acordo. A previsão é de que as negociações sejam retomadas na manhã desta quarta.

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