Reféns passam sete dias na mata e são resgatados em MG

Os quatro homens foram seqüestrados pelos assaltantes de uma agência do Banco do Brasil de São Romão, no dia 11; grupo foi localizado no sábado

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Por Agencia Estado
Atualização:

Quatro pessoas que eram mantidas reféns por assaltantes de bancos numa mata fechada na região noroeste de Minas Gerais foram libertadas e encontradas pela polícia no final da noite de sábado, 17. O grupo foi localizado por volta das 23h nas proximidades da cidade de Bonfinópolis de Minas, às margens da rodovia estadual MG-181. Os quatro homens estavam em poder dos assaltantes desde a noite do dia 11 e, de acordo com a Polícia Militar, foram encontrados debilitados, mas sem ferimentos. Durante quase uma semana, o ex-cabo da PM da cidade de Riachinho, Marcon da Mota Correa, de 37 anos, Joaquim Nunes da Rocha Filho, 39, Clébio Gabriel Gomes, 36, e Manoel Gomes Brandão, de 41 anos, viveram momentos de terror e foram obrigados a auxiliar os criminosos em fuga. Eles disseram aos policiais que quatro bandidos - que seriam os responsáveis pelo assalto à agência do Banco do Brasil (BB) na cidade de São Romão, no último dia 6 - permaneciam escondidos numa área com cerca de oito mil hectares de vegetação pertencente ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Neste domingo pela manhã, policiais estiveram no local onde os reféns foram abandonados e recolheram cerca de R$ 7,4 mil - em notas de pequeno valor - do dinheiro roubado, que os assaltantes deixaram com os reféns. "Eles tomaram essa atitude ou para tentar ganhar a simpatia dos reféns e mais tempo para a fuga ou mesmo para evitar peso", afirmou o capitão Adinan Braga. Segundo a PM, os assaltantes levaram cerca de R$ 250 mil da agência bancária em São Romão. Os ex-reféns relataram que foram obrigados a carregar malas com dinheiro e munição e até mesmo as armas dos bandidos. "Que os ameaçavam, falando que se não obedecessem iriam matá-los e deixá-los no meio do mato", observou Braga. Eles confirmaram que os bandidos estão fortemente armados, com dois fuzis, pistolas, uma submetralhadora e revólveres. Os homens mantidos reféns contaram também que para fugir ao cerco policial eram obrigados a caminhar pela mata de cerrado somente durante a noite. O agricultor Manoel Gomes Brandão foi o último a ser tomado como refém. Dono de um pequeno sítio na região, ele foi surpreendido em casa pelos bandidos na madrugada do dia 12. "Obrigaram ele a fazer comida, passaram a noite lá e no outro dia o levaram também", afirmou o capitão da PM. Os ex-reféns passaram por uma avaliação médica e à tarde foram levados para serem ouvidos na delegacia de Bonfinópolis. Os depoimentos continuavam até o início da noite deste domingo. Cansaço Eles contaram que nos últimos dias os assaltantes foram tomados pelo cansaço físico e mental e apresentavam dificuldades para andar. O grupo inicialmente era formado por cinco homens, mas, segundo a PM, um deles - Wanderley Evenagelista Faria, de 31 anos - conseguiu fugir ao cerco policial passando-se por um agricultor. Ele portava documentos falsos. Wanderley, porém, acabou preso no final da noite da última sexta-feira junto com outras três pessoas. Conforme as investigações, eles alugaram um carro - um Celta - na cidade de Paracatu e retornaram à região na tentativa de resgatar os comparsas. "Participaram diretamente da ação armada em São Romão cinco assaltantes, mas os demais têm participação na logística, no apoio", ressaltou Braga. Segundo o capitão, os presos confirmaram que a quadrilha - que seria originária de Goiás e Brasília - já praticou assaltos em outras cidades do norte e noroeste mineiro, como Brasilândia, Santa Fé e Guarda-Mor. Medo Também no dia 6, a agência do BB em Riachinho foi assaltada e aproximadamente R$ 350 mil foram roubados. Um grande efetivo policial foi deslocado para a captura dos bandidos. A demora na localização dos assaltantes espalhou medo e apreensão entre na população local e as autoridades. O prefeito de Riachinho, Valmir Gontijo Ferreira (PP), chegou a dizer que temia sair de casa e determinou a suspensão por tempo indeterminado das aulas nas escolas da cidade (de 8,5 mil habitantes) e dos serviços de atendimento médico na zona rural. A PM informou que mantém cerca de 350 homens na região nas buscas pelos criminosos e conta com o apoio de quatro helicópteros.

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