Rio anuncia demissão de 300 garis que não retornaram ao trabalho

Apesar de acordo salarial, funcionários continuam parados e ruas do centro amanhecem sujas pelo 4º dia

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Por Marcelo Gomes
Atualização:

RIO - Pelo quarto dia consecutivo, as ruas do Centro do Rio de Janeiro amanheceram nesta terça-feira, 4, de Carnaval cobertas de lixo, devido à greve deflagrada na madrugada do último sábado por um grupo de garis da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb).

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A paralisação continua apesar do acordo anunciado nessa segunda-feira entre a estatal e o Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio, para pôr fim ao movimento. Na manhã desta terça, a Comlurb anunciou que vai demitir os cerca de 300 garis que não compareceram ao trabalho para o turno das 19h de ontem.

A demissão está prevista na cláusula 65 do acordo firmado entre a Comlurb e o sindicato da categoria. Quem retornou ao trabalho terá os dias parados abonados, segundo a companhia, que possui cerca de 15 mil garis.

Até as 11h desta terça, não havia sinal de garis realizando a limpeza das principais vias do Centro da cidade, como as avenidas Rio Branco, Presidente Vargas, Chile, Almirante Barroso, além do Largo da Carioca, do bairro boêmio da Lapa, e das Praças 15 e Tiradentes. Estes locais concentram grande parte do carnaval de rua da região. Os banheiros químicos instalados nesses locais para atender os foliões também estavam sem manutenção.

Pelo acordo coletivo anunciado na segunda, os garis terão 9% de aumento salarial (o piso passará para R$ 874,79), mais 40% de adicional de insalubridade. Segundo a Comlurb, com isso, o vencimento inicial passará a ser de R$ 1.224,70. Além do aumento salarial, o acordo garantiu mais 1,68% dentro do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, com progressão horizontal.

“É importante lembrar que, nos últimos cinco anos, os garis tiveram 50% de ganho real em seus salários. Em termos absolutos, o ganho foi de 85%, o dobro dos 43% do salário mínimo nacional nesse mesmo período”, informa o comunicado da empresa de limpeza divulgado nesta manhã.

Os grevistas, no entanto, reivindicam que o piso salarial seja de R$ 1.200, além do adicional de 40%. “Nosso trabalho é extremamente prejudicial para a saúde. Quando a gente se aposentar, os 40% de adicional não serão incorporados. Esse reajuste de 9% é o mesmo que a categoria havia rejeitado antes, mas dessa vez o sindicato aceitou. A prefeitura quer nos pagar o piso salarial do Estado do Rio. Não estamos mais numa ditadura. Numa democracia, o que deve prevalecer é a negociação”, disse ao Estado o gari Ivair Oliveira de Souza, um dos líderes do movimento grevista.

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Souza afirmou ainda que até o momento desconhece qualquer caso de demissão. Segundo ele, o movimento conta com cerca de 2 mil garis, e não apenas 300 como informou a Comlurb.

Em meio à negociação de melhorias salariais na semana passada com a Comlurb, o Sindicato chegou a anunciar a greve para o primeiro minuto de sábado, mas voltou atrás. No entanto, um grupo de garis resolveu manter a paralisação. O Sindicato, então, divulgou nota dizendo que os grevistas “não têm representatividade”. No domingo, a pedido da companhia de limpeza, o plantão da Justiça do Trabalho declarou a paralisação ilegal e concedeu liminar determinando o imediato retorno dos garis ao trabalho.

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