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Riqueza à margem do TSE

Os bens espalhados pelo Estado e fáceis de encontrar na capital, Boa Vista, não batem com as declarações feitas à Justiça Eleitoral

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Por Redação
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A declaração de bens de Romero Jucá à Justiça Eleitoral não reflete a realidade de seu patrimônio aparente na capital do Estado. Para concorrer à reeleição, ele declarou bens no valor de R$ 607 mil, sendo R$ 545 mil em espécie. O patrimônio declarado da ex-mulher e ex-prefeita de Boa Vista, Teresa Jucá, é de pouco mais de R$ 300 mil. O único milionário da família é o bacharel em Direito Rodrigo Jucá, que, aos 29 anos, reuniu bens no valor de R$ 3 milhões.Os moradores de Boa Vista apontam sem dificuldade os endereços comerciais e residenciais da família Jucá. O escritório político do senador, uma espécie de bunker protegido por muros altos, cerca elétrica e seguranças, funciona na Rua Vitor Hugo, no Bairro Canarinho.O mesmo bairro abriga a sede da TV Imperial, retransmissora da Record, e da TV Caburaí, afiliada da Band - ambas funcionam no número 150 da Alameda Canarinho, antigo endereço residencial do senador.Quando ainda estavam casados, Romero e Teresa Jucá viviam na Fazenda Santa Tereza, uma propriedade suntuosa localizada nos arredores da capital, às margens do Rio Branco, avaliada em R$ 10 milhões. Com a separação, a propriedade ficou com a ex-mulher. Herdeiro político do senador, o filho Rodrigo Jucá vive hoje no 10.º andar do Edifício Varandas do Rio Branco, no Bairro Caçari. O prédio, com apartamentos avaliados em R$ 700 mil, é uma das duas construções com mais de dez andares da capital - a outra é o recém- inaugurado Eco Hotel.Pacote voador. Foi do bunker onde funciona o escritório político de Jucá e serviu de comitê eleitoral, no Bairro Canarinho, que saiu o veículo abordado por agentes da Polícia Federal, de cuja janela voou um pacote contendo R$ 100 mil em espécie. Surpreendidos pela abordagem, cabos eleitorais que estavam no veículo chegaram a disparar tiros para o alto e tentaram fugir, livrando-se do dinheiro. O pacote endereçado ao deputado Urzeni Rocha (PSDB), da coligação de Jucá, foi apreendido.O episódio ganhou repercussão nacional e obrigou o senador a prestar esclarecimentos na sede da Superintendência da Polícia Federal em Roraima. Um procedimento em andamento na instituição investiga se o dinheiro seria de propriedade do senador. O dinheiro foi retido e está depositado em conta judicial, à disposição da Justiça Eleitoral.Uma fonte com trânsito na Polícia Federal relatou ao Estado que Jucá teria pedido ao superintendente regional da instituição, delegado Herbert Gasparini, que divulgasse uma nota oficial esclarecendo que o dinheiro não pertencia a ele, com receio da repercussão nacional do episódio. Ainda segundo a fonte, diante da negativa, Jucá teria pedido o afastamento do delegado ao ministro da Justiça, Luiz Carlos Barreto, que não o atendeu. A Polícia Federal em Roraima apreendeu R$ 1,6 milhão em espécie durante a campanha eleitoral diante de indícios de utilização para compra de votos. Desse total, R$ 140 mil pertenciam às campanhas de Romero e Teresa Jucá, segundo apurações.

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