VITÓRIA - A sede da Rede Gazeta, afiliada da Globo no Espírito Santo, localizada na Ilha de Monte Belo, em Vitória, foi atingida por quatro disparos durante a madrugada desta quinta-feira, 9. Os tiros foram efetuados em direção a um auditório que serve como local de reuniões e eventos. Ninguém estava no local no momento do ataque.
Os tiros atingiram as vidraças que ficam voltadas para uma das ruas do entorno da Rede Gazeta. Seguranças da empresa fizeram uma ronda pelo prédio e encontraram os cartuchos deflagrados. Eles eram de armamento .40.
Em entrevista ao telejornal Bom Dia ES, da própria emissora, o secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, afirmou que as balas serão encaminhadas para perícia e poderão ser rastreadas caso tenham sido disparadas por armas que pertencem às forças de segurança do Estado.
Repúdio. Em nota, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) repudiaram o ataque à Gazeta.
"As associações condenam com veemência mais esta agressão à liberdade de imprensa e pedem às autoridades locais uma rigorosa apuração dos fatos", disse a nota.
Segundo as associações, os jornalistas capixabas têm recebido ameaças e agressões em função da cobertura da crise de violência no Estado. As entidades alertaram ainda para a "disseminação de notícias falsas pelas redes sociais, gerando desinformação e insegurança".
Sem ônibus. A crise na segurança pública chega ao sexto dia nesta quinta-feira. A movimentação de pessoas nas ruas é pequena. Os ônibus urbanos, que chegaram a circular com frota reduzida no início da manhã, foram recolhidos às garagens por volta das 8h30 por determinação do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Espírito Santo (Sindirodoviários-ES). Carros particulares e a frota de táxi trafegam normalmente pelas principais vias da cidade.
Nesta quinta-feira, tanques do Exército chegaram a Vitória para reforçar o policiamento.
ENTENDA A CRISE NO ESPÍRITO SANTO
Familiares e amigos de policiais militares no Espírito Santo começaram, na noite de sexta-feira, 3, a fazer manifestações impedindo a saída das viaturas para as ruas e afetando a segurança dos municípios.
O motim dos policiais levou a uma onda de homicídios e ataques a lojas. Com medo, a população passou a evitar sair de casa e donos de estabelecimentos fecharam as portas. Os capixabas já estocam comida.
Na segunda-feira, 6, a prefeitura de Vitória suspendeu o funcionamento das escolas municipais e deunidades de saúde.
Também na segunda, o governo federal autorizou o envio da Força Nacional e das Forças Armadas para reforçar o policiamento nas ruas de cidades do Espírito Santo. Apesar do reforço, o clima de tensão se manteve no Estado.
A morte de um policial civil na noite de terça-feira, 7, motivou uma paralisação da categoria na quarta, agravando ainda mais a crise de segurança no Espírito Santo.
Para tentar conter o motim, o governo criou na quarta-feira, 8, um comitê de negociação com representantes do movimento que impede a saída de policiais militares dos batalhões das principais cidades do Estado.