Seis policiais são presos sob suspeita de participação em chacina, em Londrina

Operação da Polícia Civil identificou atuação de milícia armada na cidade; em janeiro, 12 pessoas foram mortas e 14 ficaram feridas

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Por Redação
Atualização:

LONDRINA - Seis policiais militares foram presos temporariamente nesta sexta-feira, 13, acusados de participação de uma milícia armada em Londrina, no interior do Paraná, e de participação em uma chacina que deixou 12 pessoas mortas em janeiro. A Justiça também expediu mandados contra outros sete PMs para condução coercitiva, quando são obrigados a depôr, dentre eles o ex-porta-voz do 5.º Batalhão de Polícia, capitão Ricardo Eguedis.

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Os envolvidos serão indiciados por homicídio qualificado e fraude processual. Um empresário também foi detido acusado de fornecer armas para o grupo. Outros dois soldados foram presos e indiciados por porte de munição ilegal, pagaram fiança e foram liberados. 

Em janeiro, o grupo teria participado de uma série de assassinatos em Londrina. Na noite do dia 29, 12 pessoas foram executadas e outras 14, feridas. Os crimes seriam uma retaliação a morte do soldado Cristiano Bottino, morto enquanto dirigia a caminho de casa. A onda de mortes chegou a gerar até um toque de recolher na cidade.

A Polícia Civil descobriu que a milícia agia de forma organizada. Enquanto um grupo participava das execuções, outro fardado recolhia munições e adulterava as cenas dos crimes. Em uma casa onde quatro pessoas foram assassinadas, o circuito de câmeras de segurança foi danificado. 

De acordo com os investigadores, as prisões são sustentadas com vasto material probatório, como vídeos e áudios. A quantidade de depoimentos coletada não foi divulgada pela Secretaria de Segurança Pública. "São provas contundentes de participação dos indivíduos presos hoje", pontuou o secretário Wagner Mesquita.

Um dos locais da chacina que aconteceu em janeiro, em Londrina, que deixou 12 mortos e 14 feridos Foto: Divulgação

A polícia também acredita que policiais tenham forjado outras cenas de crime. "Em 12 de março, após o comunicado de um confronto ocorrido entre PM e o autor de furtos em chácaras, na zona norte da cidade, foi constatado que a arma que supostamente o indivíduo usou teria sido plantada por aquela equipe policial que foi atender o chamado" relatou o delegado-geral da Polícia Civil, Julio Reis.  Penas administrativas. Os seis policiais acusados de envolvimento direto na milícia foram encaminhados a um batalhão do Corpo de Bombeiros. Além de serem indiciados criminalmente por homicídio qualificado e fraude processual, eles vão responder a processos administrativos, cuja punição pode resultar em expulsão da corporação. 

"Não existe nenhuma condescendência em relação a atos que não sejam pautados pela atuação legítima daquilo que nossos policiais se propõem a fazer, que é a proteção à sociedade", declarou o comandante-geral da PM, coronel Maurício Tortato.

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"Cada prisão de policial gera uma cicatriz na segurança pública como um todo. Somente corrigindo os erros que acontecem podemos justificar e dar apoio aos bons policiais", pontuou Wagner Mesquita.

Protestos. A entrevista do alto escalão do setor de segurança pública estadual foi marcada por protestos. Familiares de vítimas da chacina foram ao local cobrar explicações. "Quero que a Justiça seja feita contra eles também", cobrou Paulo Cesar de Oliveira, umas das 14 pessoas baleadas naquela noite, que carrega no corpo as marcas da violência.

O jovem tem cicatrizes na cabeça, pescoço e abdôme. Ele ficou 50 dias internado, recuperando-se das lesões, sendo uma semana em coma na UTI. Ele perdeu parte dos movimentos do braço direito e da perna direita.

Do outro lado da cidade, colegas dos policiais presos também protestaram. Com camisetas pretas, eles bateram palmas quando o ônibus que transportava os PMs saiu do 5º Batalhão.

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