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Sem confronto, PM ocupa favelas na zona oeste para implantar 38ª UPP

Por conta da ocupação, 19 escolas e creches das redes municipal e estadual que funcionam na região tiveram as aulas suspensas nesta quinta-feira

Por Marcelo Gomes
Atualização:

Atualizada às 22h08

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RIO - A Polícia Militar ocupou, na madrugada desta quinta-feira, 13, as comunidades Vila Kennedy e Metral, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, para a implementação da 38.ª Unidade de Polícia Pacificadora do Estado - a 37.ª da capital. As duas favelas atravessam, há cerca de dois anos, uma intensa guerra entre traficantes de facções rivais. O controle do território foi retomado pelas forças de segurança em 20 minutos. Não houve resistência por parte dos criminosos.

"Entendemos que a operação atingiu seu propósito, que é a retomada do território", comemorou o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.

A ocupação contou com 270 PMs de vários batalhões especializados, entre eles o Batalhão de Operações Especiais (Bope), tropa de elite da corporação. As forças de segurança continuarão nas comunidades em busca de criminosos, armas, drogas e objetos roubados, até a instalação da UPP, prevista para as próximas semanas. O efetivo será de 250 policiais.

A Vila Kennedy e a Favela da Metral possuem cerca de 34 mil moradores, que vivem em 10 mil domicílios. As comunidades são cortadas pela Avenida Brasil, uma das principais vias expressas da cidade. Por conta da ocupação, 19 escolas e creches das redes municipal e estadual tiveram as aulas suspensas ontem. Cerca de 9 mil estudantes ficaram sem aula.

Ao longo do dia, 13 pessoas foram presas e 2 menores, apreendidos. Duas motos e dois carros roubados foram recuperados; armas e drogas foram apreendidas. Segundo a Secretaria Estadual de Segurança, desde o início das operações na Vila Kennedy, em 7 de março, 80 pessoas já foram detidas e seis suspeitos foram mortos. Outros cinco supostos criminosos ficaram feridos.

Comando Vermelho. Também nesta quinta-feira, 13, as Polícias Militar e Civil deflagraram operações em 22 comunidades controladas pelo Comando Vermelho, mesma facção criminosa atuante na Vila Kennedy. Robson Luís Borges, conhecido como Robinho da Vila Kennedy, foi preso no Complexo do Lins (zona norte). Ele tinha oito mandados de prisão.

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Quatro dias depois de cogitar pedir auxílio do Exército para reocupar o Complexo do Alemão, devido aos sucessivos episódios de violência na região perpetrados por traficantes que resistem à política de pacificação, Beltrame, voltou atrás e disse ontem que não pedirá ajuda das Forças Armadas. A possibilidade foi levantada em entrevista publicada na edição de domingo do jornal O Globo. "Não vou pedir para o Exército voltar. Quando eu me manifesto em relação ao Exército ou a qualquer outra instituição, é no sentido do entrosamento, da relação que nós temos com qualquer força. Seja com bombeiro, seja com Exército, seja com Ministério da Defesa, Polícia Federal, Polícia Rodoviária. Mas não vamos lançar mão do Exército", declarou ontem Beltrame.

O governador Sérgio Cabral (PMDB) afirmou que os ataques não vão impedir o avanço das UPPs. "A política de pacificação é um passo a passo. Uma UPP após a outra, reforçando onde há problemas, como na Rocinha e Alemão. Eram as centrais de duas facções, onde moram 100 mil pessoas. De complexidade maior. Estamos tomando providências no policiamento ostensivo e investigativo. Vamos reforçar essas comunidades e avançar nas que necessitam de paz". A promessa do governo é implantar 40 UPPs até o fim deste ano.

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