Setores metalúrgico, portuário, petroleiro e bancário são os mais atingidos pelas manifestações

Ao menos quatro refinarias foram afetadas; na região da Avenida Paulista, cerca de 50 agências bancárias estão fechadas, segundo sindicato

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Por Atualizado às 13h54
Atualização:

SÃO PAULO - As greves e manifestações que ocorrem nesta quinta-feira, 11, nas principais cidades do País, dentro do movimento que está sendo chamado de Dia Nacional de Luta, atingem sobretudo os setores metalúrgico, portuário, petroleiro e bancário. A greve foi convocada pelas principais centrais sindicais do Brasil (CUT, Força Sindical, CTB, CGTB, UGT e Conlutas, além do Movimento dos Sem-Terra).

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Os principais acessos ao Polo Industrial de Cubatão e ao Porto de Santos foram bloqueados por volta das 5 horas. Os bloqueios, liberados por volta das 11h, ocorreram na entrada da cidade, na Avenida Martins Fontes, altura do Cemitério do Saboó e prejudicaram a movimentação de veículos que se dirigiam à Via Anchieta. Os trabalhadores só acessaram as 22 indústrias que integram o parque industrial de Cubatão a pé. A Rodovia Cônego Domênico Rangoni, na Baixada Santista, também ficou fechada até o meio-dia, impedindo a passagem de caminhões e carretas que acessam os terminais marítimos da margem esquerda do porto, no Guarujá.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes programou uma passeata que partiu às 5h30 do bairro Santo Amaro em direção à Ponte do Socorro. Diversas vias foram interditadas.

Em Pernambuco, trabalhadores de três centrais sindicais começaram a bloquear os três acessos do complexo industrial e portuário de Suape, no município de Ipojuca, a 55 quilômetros do Recife. Nenhum veículo nem ônibus que transportam trabalhadores puderam entrar no complexo, onde trabalham 75 mil pessoas - 25 mil em 105 empresas em operação e 50 mil em 50 empresas em construção. Não houve conflitos.

Petroleiros. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) preveem interromper as atividades por um prazo de 24 horas, mas sem efeito direto nas operações das companhias, caso da Petrobrás. A Petrobrás já informou, em nota, que adotará as "medidas necessárias" para garantir a normalidade de suas operações. Com isso, acredita que não sofrerá com "qualquer prejuízo às atividades da empresa e ao abastecimento do mercado".

Petroleiros paralisaram serviços de manutenção e bombeio na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense, no Rio, às 7 horas. Trezentos e vinte e cinco trabalhadores, das áreas operacional e administrativa, se reuniram em assembleia na porta do complexo e decidiram não entrar.  O grupo que havia entrado para trabalhar à 0 hora, cerca de cem pessoas, foi mantido em seus postos sem rendição. Em Caxias, também pararam a Termelétrica Governador Leonel Brizola, o terminal da Transpetro de Campos Elíseos, a Liquigás e a BR Distribuidora. Só os serviços de operação diários estão mantidos. O mesmo acontece nas plataformas de petróleo.

Nova reunião será realizada na troca de turno das 15 horas. Em seguida os trabalhadores virão para o centro do Rio para se juntar à manifestação marcada para as 17 horas. Às 23 horas as operações deverão ser normalizadas. “Os estudantes foram para as ruas e conquistaram o que queriam. Agora é a vez dos trabalhadores. Queremos avançar nas melhorias das condições de trabalho no Brasil”, disse o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio (Sindipetro), Simão Zanardi Filho. As bandeiras são a não-aprovação do PL 4330, que regulariza terceirizações, a suspensão dos leilões de petróleo no País e a redução da jornada de trabalho dos terceirizados de 44 horas para 40 horas.

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Em São José dos Campos (SP), apenas 400 trabalhadores trabalham na Refinaria Henrique Lages (Revap). Eles teriam chegado antes do bloqueio dos sindicalistas, por volta de 3h da madrugada. Os 3 mil funcionários terceirizados foram dispensados pelo sindicato. “O que tem lá dentro é a equipe de contingência”, disse um sindicalista. Outros cerca de 800 trabalhadores efetivos da Revap devem permanecer em casa nesta quinta-feira. Durante todo o dia membros do sindicato continuarão o bloqueio no acesso a refinaria que tem cinco portarias e emprega um total de mais de 4 mil trabalhadores.

Em Paulínia (SP), os trabalhadores da construção civil e petroleiros não entraram para trabalhar na Refinaria do Planalto (Replan).

No Paraná, a greve geral paralisou as atividades da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, e houve um bloqueio parcial da rodovia do Xisto, que dá acesso à Repar.

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Bancos. O movimento também tem a adesão de trabalhadores de bancos. Segundo a assessoria de imprensa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, há aproximadamente 50 agências fechadas na região da Avenida Paulista. De acordo com a presidente do sindicato, Juvandia Moreira, os trabalhadores precisam se mobilizar para conquistar avanços. "Os bancários estão juntos nessa luta."

A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), braço sindical da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), afirmou por meio de sua assessoria que considera qualquer paralisação "desrespeito à lei". "As paralisações desrespeitam a lei de greve, uma vez que os bancos e bancários não estão em negociação salarial e têm uma convenção coletiva vigente", disse a assessoria. Consultados, Bradesco, Banco do Brasil e Itaú preferiram não comentar as declarações da assessoria da Fenaban. Ao meio-dia, está marcado um ato de concentração dos bancários no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

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