Sítio de alto padrão será desapropriado

Ao lado, morador festeja fim de lixão

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Por Mônica Cardoso e SÃO PAULO
Atualização:

"Não quero sair da casa onde moro há mais de 25 anos", destaca a professora aposentada Marilza Marin, de 53 anos. Seu imóvel deverá ser desapropriado para construção do novo aterro na região noroeste de São Paulo. Na mesma rua moram seus irmãos e sobrinhos, em seis outras casas. A área tem 400 mil m² e abriga cerca de 80 chácaras de alto padrão. Só o valor do terreno com 1 mil m² varia de R$ 150 mil a R$ 180 mil. A casa de Marilza é avaliada por ela em R$ 450 mil. "Estamos sob decreto de desapropriação há quatro anos. Muitos moradores venderam seus imóveis abaixo do preço real", contou. Temerosa da desvalorização, a professora sabe na ponta da língua os outros problemas causados por aterros: mau cheiro, contaminação e proliferação de ratos e insetos. Isso porque o aterro Bandeirantes fica próximo. Disposta a resistir, a professora participou do movimento "Lixão: mais um não", que reuniu 1.800 moradores do bairro em uma caminhada pela Rodovia Anhangüera em abril. A auxiliar técnica em educação, Roberta Pardo Mendes, de 38 anos, aderiu ao movimento, embora more em um loteamento que não será desapropriado. "Disseram que a população que mora em Perus seria recompensada por ter convivido tantos anos com o lixo, que a taxa de energia seria menor por causa da produção de gás. E até agora isso não aconteceu." A vendedora Wanda Rodrigues Oliveira Santos, de 42 anos, foi vizinha do Bandeirantes por 25 anos e conhece os problemas de perto. "Meu filho tinha bolhas de água nos braços e o médico falava que era por causa do lixão." O coordenador do Movimento Perus Unido e morador da região, Paulo Rodrigues, concorda. "Não queremos um novo aterro na região. Desde março do ano passado, nossa vida mudou com o fim das atividades do Bandeirantes. Não tem mais aquele mau cheiro no ar e as moscas sumiram. A gente até pode fazer churrasco sossegado."

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