
Análise: Fernando Paulino Neto, O Estado de S.Paulo
03 Outubro 2010 | 00h00
O "ovo de Colombo" de Sérgio Cabral pode ser resumido a três letrinhas - UPP, a sigla da Unidade de Polícia Pacificadora. As 12 UPPs já instaladas na capital, beneficiando mais de 30 comunidades, têm cumprido o objetivo de reconquistar os territórios dominados pelo tráfico armado. E, assim, garantiram ao governador um forte apoio da classe média carioca, que vivia apavorada com os tiroteios, enfrentamentos e mortes frequentes, o que ainda ocorre nas comunidades não "pacificadas".
Junte-se às UPPs a intensa parceria do presidente Lula com Cabral, que trouxe para o Estado um forte aporte de investimentos e projetos do PAC e do Minha Casa, Minha Vida, e outra sigla, a das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), e está pronta a receita do governador.
A sopa de letrinhas - UPP, UPA e PAC - já seria capaz de transformar o governador em um competidor fortíssimo à reeleição. Mas a conjuntura o ajudou ainda mais. Inelegível por crimes eleitorais em Campos, e concorrendo graças a uma liminar, o ex-governador Garotinho desistiu de disputar o governo e preferiu uma disputa tranquila à Câmara. O papel de oposição ficou nas mãos do verde Fernando Gabeira, que tentou cumprir a missão de fazer o contraponto à propaganda de Cabral, principalmente na saúde. Insuficiente para enfrentar um governador que, além de ter ao seu lado 91 dos 92 prefeitos do Estado, conta com o cabo eleitoral mais requisitado da campanha, o presidente Lula.
É JORNALISTA DE "O ESTADO DE S. PAULO"
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