Supervia será multada por 'falhas' após descarrilamento de trem no Rio

Agência apontou problemas no 'plano de contingência, na comunicação e no atendimento aos usuários'

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Por Sérgio Torres
Atualização:

Atualizado às 14h33

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RIO - A reguladora Agetransp informou em nota que multará a concessionária Supervia "por falhas detectadas no plano de contingência, na comunicação e no atendimento aos usuários do sistema de trens urbanos" após o descarrilamento de um trem no início da manhã desta quarta-feira, 22, na Estação de São Cristóvão, na zona norte do Rio. Sem os trens, milhares de pessoas procuraram ônibus e o metrô, que superlotaram, provocando caos no sistema de transporte público da cidade.

 A agência não revelou o valor da multa.  O conselheiro presidente da agência, Cesar Mastrangelo, e técnicos da Agetransp estiveram no local do acidente ferroviário de manhã, "a fim de acompanhar o trabalho de apuração e o atendimento aos usuários", segundo a nota.

A agência informou ainda ter enviado peritos à oficina da concessionária, "com o objetivo de produzir laudo detalhado no trem que descarrilou". "As causas do incidente ainda estão sendo investigadas", disse a Agetransp no comunicado. O Procon-RJ informou que também multará a concessionária, mas não divulgou o valor.

O acidente. A Supervia informou em nota que um trem que seguia da Central do Brasil à de Saracuruna, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, saiu dos trilhos às 5h15, antes de chegar à parada de São Cristóvão. Vagões atingiram a rede elétrica, que foi derrubada sobre a linha.

O problema afetou todo o transporte ferroviário no Grande Rio. Na Estação São Francisco de Xavier, a última antes da Maracanã e da São Cristóvão, os passageiros tiveram que saltar nos trilhos para tentar uma condução que os levasse ao centro, destino da maioria dos trabalhadores.

Como não havia ônibus suficientes, a aglomeração resultou em tumultos e correrias. Já saturada, a Linha 2 do Metrô, que cruza os subúrbios cariocas, não comportou o acréscimo de milhares de passageiros - as estações estão superlotadas.

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Estação concentradora de trens, Deodoro, na zona oeste, também registrou problemas graves, com desinformação, tumultos generalizados e até congestionamento de composições nos trilhos. Às 7h30, ao desconfiar que um trem partiria, centenas de passageiros saíram correndo em direção a ele, o que aumentou ainda mais a confusão.

Parados nas estações, passageiros reclamavam da falta de opções e da incapacidade dos funcionários da Supervia de dar alguma orientação útil. Outra reclamação é sobre a devolução do dinheiro. A empresa estaria distribuindo uma espécie de vale, papel que não está sendo bem aceito pelos passageiros retidos.

 Os trens chamados semidiretos (param em menos estações) circulam até a estação Engenho de Dentro (zona norte), a 15 km do centro. Os paradores - pegam passageiros em todas as estações dos ramais - vão até São Francisco Xavier , a cerca de 8 km do centro. Os trens dos ramais Saracuruna e Belford Roxo (ambos na Baixada Fluminense) seguem até a estação Triagem, a 12 km do centro.

Por causa da superlotação nas plataformas, o Metrô chegou a fechar as entradas das estações de Triagem e Pavuna (zona norte), para evitar que as pessoas fossem empurradas sobre os trilhos. A companhia informou, pelo Twitter, que, a partir das 6h, reforçou a quantidade de trens na linha 2, que atravessa os subúrbios e são alternativa bastante usada pelos passageiros que preferem não se arriscar no sempre problemático transporte ferroviário.

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A concessionária Supervia informou que técnicos estão no local do acidente na tentativa de reparar o sistema energético da linha e normalizar a operação o mais rapidamente possível. O trem acidentado foi retirado dos trilhos cinco horas após o descarrilamento.

O secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, esteve de manhã na estação São Francisco Xavier. Segundo ele, a frota de ônibus foi reforçada. Osório afirmou que a Supervia terá que restituir o dinheiro das passagens.

Passageiros revoltados xingaram o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, que também esteve no local. Ameaçado de agressão, Lopes teve que ser protegido por seguranças.

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