Suspeita de ligação de 200 PMs com o crime azeda relação entre polícias do Rio

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Por Pedro Dantas e RIO
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Uma força-tarefa de dez delegados de cinco delegacias da Baixada Fluminense submeterá fotografias de 200 policiais do 15º Batalhão de Polícia Militar, de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, ao reconhecimento de testemunhas que acusaram outros 56 PMs daquele batalhão de ligações com o tráfico. A revelação de que mais policiais do batalhão estão sob suspeita piorou a relação entre a cúpulas das Polícias Civil e Militar, já afetada desde a divulgação da prisão dos PMs, no âmbito da Operação Duas Caras. O objetivo da força-tarefa é verificar se os policiais militares participaram de crimes em áreas de outras delegacias da região. "Podem ser 200, 400, quantos forem. Este tipo de conduta não será mais permitida", disse o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, durante a cerimônia da troca de comando do batalhão envolvido no escândalo. O discurso de Beltrame, que disse que a polícia vai "extirpar as laranjas podres", contrastou com a fala anterior do comandante da PM, Ubiratan Ângelo.O comandante considerou o episódio, que levou à prisão quase 10% do efetivo do 15ºBPM, "pequeno demais para macular a imagem do batalhão". ?CAUTELA? O novo comandante do 15º Batalhão, o tenente-coronel Luís Antônio Corso da Costa, criticou a exposição dos PMs acusados de corrupção. "A Polícia Civil poderia ter tido mais cautela. Um policial foi solto depois de ser detido. Imagina como se sentiu a família dele?", questionou. Ao ser perguntado se procuraria o delegado que investiga os policiais militares para uma ação conjunta, o comandante limitou-se a dizer "meu endereço é conhecido". O delegado-titular da 59ª Delegacia de Polícia, André Drummond, não quis comentar as declarações do comandante, mas refutou as acusações de falta de cautela na investigação. "Não expus e não divulguei a foto de ninguém. Acho que quem critica a seriedade de uma investigação que acumula 600 horas de gravação é que deveria pedir desculpas", disse. Hoje, a polícia deve ouvir o último grupo dos 56 PMs, que permanecem presos sob acusação de ligações com traficantes. No total, 58 PMs foram presos, mas um não foi reconhecido. O outro era um ex-PM, atualmente trabalhando como agente penitenciário, que também não foi reconhecido.

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