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''Tenho de rezar para Dirceu ser absolvido''

Denunciante do mensalão acredita que seu destino, no julgamento do STF, está diretamente ligado ao do ex-ministro

Por Alfredo Junqueira
Atualização:

ENTREVISTARoberto Jefferson, ex-deputado federal e presidente do PTBDenunciante do mensalão, o deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) diz que teme "decisão salomônica" do Supremo Tribunal Federal (STF) e que o seu destino está atrelado ao do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. "Se ele for condenado eu também sou. Tenho que rezar a Deus para que ele seja absolvido." Para Jefferson, no entanto, a situação de Dirceu é "processualmente muito difícil". Ele ainda afirma que a participação do então presidente do PT José Genoino no esquema era "de menor importância". O senhor fez uma avaliação sobre as alegações finais que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apresentou ao STF? É difícil eu avaliar. O meu advogado (Luiz Francisco Corrêa Barbosa) acha que são muito fortes as possibilidades de absolvição. Eu não tenho nenhum vínculo com o processo do mensalão. O senhor diz em seu blog que teme sair da condição de denunciante para a de condenado... Eu não sou o fermento. Estou fora. Eu já havia advertido ao governo um ano antes. E todo mundo que foi a STF disse isso. O Miro (Teixeira), o Ciro Gomes, o Walfrido (dos Mares Guia), o Aldo Rebelo. A única preocupação que eu tenho é de o Supremo tomar uma decisão salomônica e, se condenar o José Dirceu me condena junto, para não ficar mal com o PT. O senhor acha que o parecer de Roberto Gurgel foi politizado?Não. Senão, ele teria tirado mais gente. Ele não se deixou pressionar. A exclusão de Luiz Gushiken foi correta? Ao meu ver, foi. Nunca tinha ouvido falar em envolvimento do Gushiken com o mensalão. Por que o senhor acredita que terá o mesmo destino de Dirceu?Se ele for condenado eu também sou. Tenho que rezar para que ele seja absolvido. Mas a absolvição dele é processualmente difícil. Ele que decidia tudo. Até a participação do Genoino, é de menor importância. Então a sua situação fica difícil. É muito complicado para mim. Vou ter que trabalhar muito, tenho de levar a cada ministro esse memorial e mostrar: "Olha, ministro, não tenho nada ver com isso". Se eu deixar no caminho salomônico, fica complicado para mim. O senhor vai insistir na tese de crime eleitoral? Sim. O dinheiro que peguei com eles em 2004 foi para a eleição municipal. Não para financiamento de deputado na Câmara.

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