Termina 1º dia de depoimentos da Hurricane na PF do Rio

Polícia Federal vai manter os 17 presos da Hurricane sob um forte esquema de segurança, no Batalhão Especial Prisional da PM, em Benfica, até o dia 7 de maio

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Por Agencia Estado
Atualização:

Terminou no fim da tarde desta quinta-feira, 26, o depoimento dos três presos da Operação Hurricane investigados pelo suposto envolvimento em um esquema de compra de sentenças e exploração de jogos ilegais, na Operação Hurricane (furacão, em inglês). O primeiro a falar foi o presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio (Liesa), Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães. Em seguida, foram ouvidos Anísio Abraão David e Antônio Petrus Kalil, o ´Turcão´. Eles foram levados, juntamente com os outros 14 presos transferidos de Brasília, para o Batalhão Especial Prisional da PM, em Benfica, zona norte, onde permanecerão sob custódia da Polícia Federal até o fim dos depoimentos, em 7 de maio. Os advogados de Anísio e de Guimarães entraram com pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal e pediram à juíza que reveja a decisão de transferir seus clientes para o presídio federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, depois daquela data. Os três contraventores chegaram ao prédio da Justiça Federal do centro do Rio em um microônibus sob forte esquema de segurança por volta das 13h30. A segurança do edifício foi reforçada pela Polícia Federal. Não foram levados ao Rio os policiais federais Carlos Pereira da Silva, Susie Pinheiro Mattos, o agente administrativo da PF Francisco Martins da Silva e o policial civil Marcos Antônio Bretas. Como funcionários públicos, eles têm direito a apresentar defesa prévia antes que sejam considerados réus no processo. Entre os presos pela Operação Hurricane, deflagrada pela Polícia Federal no dia 13 de abril, estão bicheiros, delegados e magistrados acusados de integrar uma suposta quadrilha que teria praticado crimes como corrupção, tráfico de influência e envolvimento com jogos ilegais. Três dos presos por envolvimento no esquema já foram soltos pela Polícia Federal por determinação do Supremo Tribunal Federal. Os desembargadores federais José Eduardo Carreira Alvim e José Renato Ricardo de Siqueira Regueira e o juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região Ernesto da Luz Pinto Dória. Além deles, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo Medina, também investigado, não chegou a ser preso. Custo De acordo com a assessoria da PF, o custo da viagem Brasília-Rio é de R$ 17,5 mil, incluindo apenas despesas com a aeronave que levará o grupo. A polícia ainda não definiu se o avião retorna após o transporte. Os presos ficarão no Rio pelo menos até sexta-feira - eles serão instalados em uma unidade das Forças Armadas cuja localização não foi divulgada -, quando a Justiça deve decidir se eles permanecem lá ou retornam a Brasília no final de semana. Nesse caso, fariam nova viagem na segunda-feira. Após os depoimentos, eles serão levados ao presídio de segurança máxima do governo federal em Campo Grande (MS). Se ficarem todo o período no Rio, terão apenas as viagens de ida e até Campo Grande. Caso contrário, e com o retorno da aeronave a cada viagem, a despesa saltaria para cerca de R$ 140 mil. Esse gasto não inclui valores como as diárias pagas aos policiais federais que acompanharão os detidos - cada um recebe R$ 123. A PF informou ter gasto R$ 120 mil com a Operação Hurricane desde seu início. Denúncia Na denúncia que protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF), na sexta-feira passada, o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, revela que o desembargador do Tribunal Regional Federal do Rio, José Ricardo de Siqueira Regueira, recebeu dos bingos, entre fevereiro de 1999 e dezembro de 2000, a quantia de R$ 119.146,37. Além disso, a denúncia aponta para a existência de um complexo sistema de corrupção que supostamente envolveria integrantes do Judiciário Federal, bicheiros, empresários, advogados e até policiais federais para o favorecimento do jogo ilegal. A descoberta foi feita por policiais federais, que encontraram um CD com planilhas feitas pelo desembargador quando realizaram a busca e apreensão, dia 13, no gabinete dele no tribunal, durante a Operação Hurricane (Furacão). A planilha, segundo a denúncia de Antônio Fernando, registrava a movimentação de recursos sem origem comprovada. ?Para disfarçar a procedência ilícita - diz o documento - o denunciado elaborou outra planilha onde os valores foram lançados em pequenos montantes dia a dia, como se tivessem sido obtidos por meio de jogo em casa de bingo.? O procurador-geral duvida da explicação. ?Não é razoável acreditar que o denunciado, ou sua mulher, freqüentem casas de bingo e ganhem, todos os dias, valores que atinjam R$119.146,37?, disse Antônio Fernando, grifando parte da frase. Apesar da descoberta, Regueira não foi denunciado pelo crime de corrupção passiva, mas apenas por formação de quadrilha, como os outros quatro acusados no inquérito que tramita no STF. O crime de corrupção passiva só foi atribuído ao ministro do Superior Tribunal de Justiça, Paulo Medina, e ao desembargador do TRF da 2ª Região, José Eduardo Carreira Alvim. O ministro é acusado de receber de seu irmão, Virgílio Medina, R$ 600 mil para conceder uma liminar liberando caça-níqueis apreendidos em bingos de Niterói. Alvim também é suspeito de receber dinheiro para conceder decisões favoráveis a bingos.

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