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Tumulto marca festival de reggae em SP

Por Agencia Estado
Atualização:

Se estivesse vivo e em São Paulo ontem à noite, Bob Marley, maior astro do reggae em todos os tempos, ficaria estarrecido, como já havia ficado em 18 de abril de 1980 com a algazarra promovida durante as comemorações da independência do Zimbábue, no continente africano. Naquela ocasião, as festividades foram marcadas pela superlotação do estádio de Rufaro, capital do país, no show promovido pelos governantes locais com a presença de Marley. A população tentou invadir o estádio já superlotado, houve conflito com a polícia e uma espessa nuvem de fumaça de gás lacrimogêneo tomou o ar nas redondezas do estádio. Uma cena parecida pôde ser vista ontem à noite nas cercanias do Anhembi, em São Paulo, durante a realização do "1º Festival de Reggae Nacional Tributo a Bob Marley". Com o espaço interno cheio, milhares de pessoas ficaram do lado de fora portando seus ingressos, tentando entrar. O tumulto se generalizou quando a Polícia Militar, em vez de orientar os ansiosos expectadores e organizar as filas, começou a agredir as pessoas e dispersá-las da entrada do Anhembi, lançando bombas de gás lacrimogêneo no mínimo cinco, na contagem da reportagem da AGÊNCIA ESTADO. O desespero tomou conta do local e algumas pessoas começaram a invadir o Anhembi, saltando as grades. Neste momento, por volta das 21h30, o show da banda Planta e Raiz foi interrompido. Para tentar acalmar os ânimos, um integrante da equipe de promoção do evento afirmou que mais de 60 mil pessoas estavam nos 25 mil metros quadrados do Anhembi. No entanto, na sexta-feira, os mesmos produtores informaram que 35 mil ingressos seriam disponibilizados, dos quais 20 mil já haviam sido vendidos. Essa mesma pessoa pediu uma vaia aos invasores e afirmou que, se o tumulto persistisse, o evento seria interrompido. Prometeu também que, se o público não se acalmasse, não haveria festival no ano que vem. De qualquer maneira, não houve problemas sérios dentro do Anhembi. Por volta das 14h, na abertura dos portões, a produção colocou faixas informando o esgotamento dos ingressos. Até as 18h, nenhum problema poderia ser percebido. As principais estrelas da noite, Maskavo, Edson Gomes, Natiruts e Tribo de Jah no entanto, começariam a se apresentar a partir das 21h30. Evidentemente, a maioria do público deixou para chegar ao local nesse horário. A lotação tomou conta até mesmo da área vip do evento. A mesma pessoa da produção voltou ao palco, antes da apresentação da banda Maskavo para informar que ninguém mais poderia subir no armado reservado, pois a estrutura poderia não suportar. Por falta de segurança, a principal estrela da noite, a banda maranhense Tribo de Jah, cujo show começou às 3h de hoje, ficou pouco mais de meia hora no palco. "O efetivo policial de 400 homens e a segurança do evento querem, para garantir a segurança de vocês, que o evento termine agora. Nós até preparamos um repertório maior, mas vamos interromper para garantir a segurança", anunciou Fausi Beydoun, vocalista da Tribo, à platéia, informando que, naquele momento, 70 mil pessoas permaneciam no Anhembi. Portanto, algumas pessoas que aguardaram 13 horas para o início do show não tiveram nem sequer uma hora de audição. Há mais de dois anos, desde o último Rufles Reggae, São Paulo não sediava um evento dessa natureza. Sem grande campanha de divulgação, o "1º Festival de Reggae Nacional" apresentou novas bandas do cenário regueiro brasileiro, como Salvação, Canamaré, Rasta Joint, e Djambi, além do cantor baiano Dionorina.

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