PUBLICIDADE

Vai-Vai enfrenta juízes do carnaval e do tribunal

Vizinhos da escola recorreram à Justiça devido ao barulho causado pelos ensaios

Por Agencia Estado
Atualização:

A Vai-Vai brigará este ano para obter duas vitórias, uma com os juízes do carnaval 2007 e outra com os juízes do Tribunal de Justiça. Alegando incômodo e barulho, uma pequena parte da vizinhança do bairro do Bexiga, berço da escola de samba, está recorrendo à Justiça para fechar a quadra da Vai-Vai, instalada na tradicional região central de São Paulo há 77 anos. Segundo o presidente da escola, Edmar Thobias, após uma mobilização de vizinhos que se sentem incomodados com o samba, a escola não terá autorização para interditar três ruas do bairro no próximo carnaval. "A Vai-Vai não pretende sair de lá, mas como hoje em dia é costume ir ao Ministério Público, falar com o papa, com o Lula, eles estão fazendo isso para a gente sair de lá", disse Thobias em relação ao processo movido pelos vizinhos. "Passou o carnaval, a gente vai pro pau", acrescentou o presidente da agremiação garantindo que vai brigar pela quadra na Justiça. A idéia é transferir a escola para o espaço que será a Cidade do Samba, mas o plano não agrada a Vai-Vai. "A Cidade do Samba é um barracão para fazer carro alegórico, não para ensaio." O projeto de construir um espaço para as 14 escolas do Grupo Especial nos arredores do Anhembi, complexo que sedia os desfiles do carnaval de São Paulo, foi criado pela São Paulo Turismo (SPTuris) e a Prefeitura, em parceria com as escolas, em 2006 e deve ser colocado em prática em meados de 2008, informou a assessoria da SPTuris. Ruim no começo O veterano Paulo Jeremias, seu Portela, de 82 anos, acredita que, se houver mudança, será ruim apenas no começo. "Tanta gente sai de um local e depois acostuma. No começo, as pessoas vão sofrer e o Bexiga vai sofrer também com a perda da Vai-Vai, a Vai-Vai movimenta isso aqui, mas é bom mudar", disse ele afirmando que se trata de "um progresso". Seu Portela desfila na Vai-Vai há 74 anos, ganhou o apelido pela admiração que tem pela carioca Portela. Ele conheceu a Vai-Vai quando tinha 8 anos e vendia cuscuz em uma praça perto da quadra da escola. "Em primeiro lugar vem a Vai-Vai, e em segundo a Portela", brincou ele. Apesar de se conformar com a mudança, seu Portela afirmou que "o Bexiga vai ser outra coisa sem a Vai-Vai". Para um morador da região, que preferiu não ser identificado, o bairro só terá a ganhar. "O dia que você morar perto de uma escola de samba, você vai entender o que eu estou falando", disse o vizinho da quadra da Vai-Vai. "Além do barulho, o nível das pessoas que freqüentam aqui é muito baixo (...). Já aconteceu da polícia vir aqui na porta retirar os ´presuntos´", disse, se referindo à violência gerada pelos freqüentadores da quadra. "Eu acho o Carnaval muito bonito, mas só a foto e não os bastidores da coisa." Já outros moradores do Bexiga querem continuar recebendo ajuda da Vai-Vai. "Eu ganho com ela aqui, todo fim de semana eu cato as latinhas que eles jogam fora. Eles ajudam muito a comunidade, tem vários cursos lá, dão leite. Eu sou a favor deles ficarem aqui", disse Maria José da Silva, 35 anos, aposentada por invalidez. No bairro desde sua fundação, a Vai-Vai promove eventos sociais além dos sambas e das fantasias. Entre os programas para a comunidade, estão as aulas de dança e música para crianças de 7 a 15 anos e o projeto Viva Leite. Na presidência da escola desde 1998, Thobias contou que o Viva Leite é uma parceria com a Secretaria da Agricultura que fornece leite para mais de 150 famílias que moram na região.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.