Vereador que liderou greve da Polícia Militar na Bahia é preso

Ex-PM foi detido por policiais federais em resort; de acordo com Ministério Público Federal, Prisco responde por crime político grave, entre eles contra a segurança nacional

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Foto do author Marcelo Godoy
Por Fausto Macedo , Marcelo Godoy e Heliana Frazão
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Atualizada às 21h32

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SALVADOR - A Polícia Federal (PF) prendeu nesta sexta-feira, 18, o líder da greve dos policiais militares da Bahia e vereador Marco Prisco (PSDB), de Salvador. A prisão foi decretada pela Justiça Federal com base em pedido feito pelo Ministério Público Federal da Bahia (MPF-BA). Diretor-geral da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares no Estado, Prisco foi detido em um resort na Costa do Sauipe, por agentes federais.

A PF levou o detido de imediato para o aeroporto de Salvador e, de lá, o transferiu para a Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal. A transferência ocorreu porque a 17.ª Vara Federal determinou que ele ficasse em uma penitenciária de segurança máxima. De acordo com a Procuradoria da República, "Prisco é processado pelo MPF por crime político grave, e qualquer recurso contra sua prisão só poderá ser ajuizado no Supremo Tribunal Federal".

O Estado não conseguiu localizar o advogado de Prisco. Outras lideranças da PM reagiram à prisão do vereador e ex-policial. O deputado estadual e capitão da PM Tadeu Fernandes (PSB) disse que a prisão era uma "traição" aos policiais e conclamou seus colegas a fazer uma nova greve (leia abaixo).

Durante os quase dois dias de movimento - encerrado nesta quinta-feira, 17 -, Prisco liderou a paralisação que provocou desordem, saques e uma onda de violência na Bahia. Só na Grande Salvador, o número de homicídios contabilizados nesse período, relacionado à falta de policiamento nas ruas, chegou a 59 durante a greve - seis vezes mais do que normal, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública. Foram registrados ainda nas delegacias um total de 159 roubos de veículos durante a paralisação da Polícia Militar da Bahia. A média diária desse tipo de crime é de 30.

Por isso, o governador Jaques Wagner (PT) pediu e obteve o envio de tropas federais - 6 mil homens da Força Nacional e do Exército - para o policiamento das principais cidades baianas. Nesta quinta-feira, mesmo depois de saber do término da paralisação, o governador havia anunciado que essas tropas iam permanecer na Bahia pelo menos até segunda-feira.

Acordo. A greve acabou após um acordo entre o governo e os grevistas. Foi concedido um aumento de 6% aos policiais por meio do reajuste de uma gratificação por trabalho especial - o salário-base de um PM na Bahia é de R$ 2,3 mil. Além disso, o governo aceitou rever o plano de cargos e salários da polícia e a proposta de Código de Ética da PM, que havia sido enviado à Assembleia.

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Foi Prisco quem liderou a assembleia com cerca de 2 mil policiais que encerrou a greve. "O acordo é bom para a associação", disse então, depois que a volta ao trabalho foi aprovada por aclamação aos gritos de "a PM voltou". O que o líder dos grevistas não sabia era que, desde o dia 15, a sua prisão havia sido decretada pela Justiça.

A decisão é baseada em ação aberta em 2013 contra ele e outras seis pessoas, entre vereadores, soldados e cabos, segundo o MPF, por "diversos crimes, a maioria deles contra a segurança nacional, praticados na greve realizada entre os dias 31 de janeiro e 10 de fevereiro de 2012".

Garantia. Prisco foi um dos líderes dessa paralisação - acabou expulso da PM. Ele foi eleito vereador pelo PSDB naquele ano em Salvador - foi o quarto mais votado. Ao liderar outra greve, o MPF considerou que, em liberdade, ele voltara a promover desordens, cometendo os mesmo delitos. Assim, a prisão seria necessária para a garantia da ordem pública.

Por isso, a Procuradoria da República encaminhara, no dia 14, o pedido de prisão de Prisco à Justiça. O mandado de prisão foi assinado pelo juiz federal Antônio Oswaldo Scarpa.

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Na quarta-feira, o Tribunal Regional Federal da 1.ª Região, com sede em Brasília, já havia concedido liminar, a pedido do MPF, determinando a paralisação da greve, sob pena de pagamento de multa diária de R$ 1,4 milhão para as associações envolvidas no movimento em caso de desobediência.

A Justiça Federal determinou também o bloqueio de bens de Prisco e de mais 13 dirigentes das associações dos policiais. Segundo a Procuradoria da República, o objetivo da medida - ainda em vigor - é garantir "a possibilidade de ressarcimento dos prejuízos causados aos cofres públicos". / COLABOROU FELIPE CORAZZA

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