PUBLICIDADE

"Academicamente Popular", São Clemente desfila no capricho na Sapucaí

A agremiação contou as origens e os 200 anos da Escola Nacional de Belas Artes

Por Roberta Pennafort
Atualização:

A São Clemente provou ser "academicamente popular", como brinca seu melodioso samba, ao lembrar as origens e os 200 anos da Escola Nacional de Belas Artes. O desfile da agremiação, uma das poucas do carnaval do Rio nascida na zona sul da capital fluminense, teve figurinos e carros alegóricos caprichados, com ênfase nas personagens do Rio de Janeiro do século 19 e na vinda da chamada Missão Artística Francesa para cá, em 1816, que levou à fundação do que viria a ser a escola.

Raphaela Gomes, rainha de bateria daSão Clemente, segunda escola de samba a desfilar Foto: Wilton Junior/Estadão

Estreando na São Clemente, o carnavalesco Jorge Silveira, ele próprio formado na ENBA, assim como outros profissionais do carnaval carioca, criou fantasias que remetiam à flora e à fauna brasileiras, pintadas em paisagens idílicas por Jean-Baptiste Debret, Nicolas Taunay e outros artistas do grupo de 1816. Silveira teve a missão de substituir no posto Rosa Magalhães, a mais experiente carnavalesca em atividade no Rio, e se mostrou à altura do legado da "professora", como é conhecida, por seu perfeccionismo e estrada (mais de 40 carnavais).

A inspiração neoclássica na arquitetura do Rio que viria a seguir, as damas e os senhores da corte de d. João VI e os festejos carnavalescos da época compuseram o cenário pintado pela São Clemente. D. Pedro I e d. Pedro II, filho e neto do monarca, também foram lembrados, como os índios tão retratados pelos pintores de então, catequizados na avenida por jesuítas.  O preciosismo foi tamanho que empurradores de carros vieram de moleques de Debret, jovens negros que aparecem em muitas de suas pinturas. Foi um desfile que encheu os olhos, vindo de uma escola que não figura no grupo das que voltam a desfilar no Sábado das Campeãs.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.