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Acervo pessoal sobre o Rio vira obra mundial

Coleção Geyer é selecionada para programa da Unesco; museu deve ser aberto em 2016

Por Fabio Grellet
Atualização:
Inclusão do acervo no Programa Memória do Mundo equivale a tombamento Foto: DIVULGAÇÃO

RIO - Um conjunto de 916 imagens e obras que retratam o Rio dos séculos 16 a 19 e integram o acervo doado ao Museu Imperial de Petrópolis (cidade na região serrana do Rio) pelo casal Maria Cecília e Paulo Geyer passará a integrar o Programa Memória do Mundo, mantido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Criado em 1992, o programa visa a preservar acervos documentais e bibliográficos (livros, cartas, documentos, pinturas, desenhos, vídeos e gravações, entre outros) de grande importância histórica, e equivale ao prêmio Patrimônio da Humanidade, conferido pela mesma Unesco a monumentos como o Cristo Redentor e as pirâmides do Egito. 

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A inclusão no programa da Unesco equivale a um tombamento: o acervo integrado permanece na instituição, mas a conservação passa a ser monitorada pelo órgão da ONU, que exige a apresentação de relatórios a cada dois anos. Não há premiação em dinheiro, mas o reconhecimento quanto à importância do acervo favorece patrocínios para mantê-lo. 

Cada país tem um comitê nacional responsável por selecionar as obras que passarão a integrar o programa. O comitê é autônomo - a aprovação não é submetida à avaliação da Unesco. A entidade brasileira aprova até dez acervos por ano. Em 2015, houve 47 candidaturas, mas 17 foram excluídas por não atender os requisitos estipulados. Das 30 propostas aceitas, dez foram aprovadas. 

450 anos. O conjunto oferecido ao Programa Memória do Mundo pelo Museu Imperial e pela Casa Geyer é composto por livros raros, litografias, guaches, aquarelas e cartografia produzidos por viajantes e artistas estrangeiros que estiveram no Brasil, como o príncipe Adalberto da Prússia, Johann Moritz Rugendas e Félix Émile Taunay, entre muitos outros. 

O acervo foi selecionado por causa da comemoração dos 450 anos do Rio, completados em 1.º de março. A coleção reúne 4.255 peças que pertenciam ao casal Geyer e foram doadas em abril de 1999 ao Museu Imperial. Paulo era empresário e controlador do grupo petroquímico Unipar. 

Em dezembro de 2014, a coleção foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Com o acervo, o casal doou ao Museu Imperial a mansão em que morava (onde as peças estão armazenadas). Trata-se de um casarão do século 18 no Cosme Velho (zona sul do Rio). O museu planeja abrir a casa à visitação em 2016, após obras de adaptação. “Estimamos receber no máximo 200 pessoas por dia. Só há espaço para expor umas 500 obras. Tem quadro até no teto, preso em trilhos”, disse o diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferreira Júnior. 

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