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Avenida Rio Branco, no Rio, fará teste só com pedestres

A exemplo da Avenida Paulista, prefeitura carioca quer fechar via para carro aos domingos; especialistas são contra

Por Carina Bacelar
Atualização:
Em 1906, quando a cidade tinha cerca de 90 veículos, os carros passaram a dividir espaço com os passantes na Avenida Rio Branco; na imagem acima, fieis caminham durante a passagem do papa Francisco pelo Rio, em 2013 Foto: CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO

RIO - Em iniciativa semelhante à testada na Avenida Paulista, em São Paulo, a Prefeitura do Rio vai passar, no próximo domingo, a fechar a Avenida Rio Branco, no centro, ao tráfego de veículos. O projeto, que prevê a circulação exclusiva de pedestres na via, local de obras de instalação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e de constantes assaltos, é visto com pessimismo por especialistas, para quem não haverá interesse em passeios na Rio Branco, onde lojas fecham aos domingos.

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“A abertura da Avenida Rio Branco, que se chamava justamente Avenida Central, era para ligar o porto à zona sul, chegando na Avenida Beira-Mar. O conceito urbanístico é de uma ligação para veículos. Não pode se transformar em via de pedestres”, opina o arquiteto e historiador Nireu Cavalcanti, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). Para ele, não haverá interesse das pessoas. “Você acha que os pedestres vão passear na avenida com calor, sol forte batendo?”

O historiador Milton Teixeira, estudioso da região central carioca, ressalta que a Rio Branco só ficou um ano de sua existência aberta para pedestres. Em 1906, quando a cidade tinha cerca de 90 veículos, os carros passaram a dividir espaço com os passantes. Contrário à iniciativa da prefeitura, Teixeira diz que a paralela Rua 1.º de Março seja restrita a transeuntes no fim de semana. “Se a 1.º de Março fosse uma rua para pedestres, seria mais interessante. Você tem mais restaurantes tradicionais, templos”, disse.

Os comerciantes ainda não demonstraram que pretendem abrir aos domingos. A região da Rio Branco tem sido inóspita para a categoria. De 1.200 lojas fechadas desde o início do ano no Rio, cerca de 600 ficam no centro, estima o empresário Aldo Gonçalves, integrante do Conselho Empresarial de Comércio de Bens e Serviços da Associação Comercial do Rio. Ele atribui a situação à violência e às obras, além da crise econômica. “Tem tapume, tem poeira, mau cheiro. Realmente não é um cenário muito acolhedor.”

Otimista. Já o geógrafo João Baptista, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e coordenador do projeto Roteiros Geográficos do Rio, que oferece caminhadas gratuitas, vê a iniciativa com otimismo. “Vai dar para você andar perfeitamente com o grupo. Haverá um impedimento ou outro, mas vai dar tudo certo. A Rio Branco ficará como um bulevar para bater pernas.”

O mesmo dia do fechamento da Avenida Rio Branco para o tráfego marcará a inauguração da nova Praça Mauá, totalmente reformada como parte do projeto Porto Maravilha. 

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