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Batizado de 'Museu do Ontem', app captura as histórias do Rio antigo

Usuário pode encarar 5 tours temáticos: Corrupção, Terror, Samba, Fantasmas do Centro e momentos-chave do País

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Por Marcio Dolzan
Atualização:
Museu do Ontem. Opções vão do samba à corrupção Foto: Fábio Motta/Estadão

Baixar a cabeça para ficar de olho na tela do celular enquanto se perde tudo o que acontece em torno da região do Porto Maravilha poderá ter uma nova perspectiva a partir desta sexta: a histórica. Batizado de Museu do Ontem, um aplicativo que utiliza tecnologia de geolocalização permitirá às pessoas conhecerem histórias escondidas na região portuária, que vão desde a chegada da família real ao Brasil até fatos do passado recente.

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Desenvolvido pela Agência Pública, o aplicativo traz dois jogos distintos - um para quem está na zona portuária do Rio e outro, mais limitado, para quem não está no local. A ideia é caminhar pela região do porto e conhecer histórias pouco conhecidas que têm a ver com o local.

“O aplicativo é uma mistura de jornalismo, tecnologia, arte e Pokémon Go”, explica Natalia Viana, codiretora da agência e uma das responsáveis pelo projeto. A referência ao game para celulares que fez sucesso no ano passado e que levou pessoas do mundo inteiro a caminhar de um lado para outro é bastante simples. “No nosso Pokémon Go a pessoa vai lá, captura histórias e vai guardando.”

No Museu do Ontem, que estará disponível a partir do meio-dia na App Store e na Google Play, o usuário poderá simplesmente colecionar os pontos ou encarar um dos cinco tours temáticos: o da Corrupção, o do Terror, o do Samba, o dos Fantasmas que assombram o Centro do Rio e aquele que trata de momentos-chave da história do País. O tempo de exploração de cada um deles varia, podendo chegar a mais de três horas.

O aplicativo levou cerca de um ano para ser concluído. “Além de desenvolver o conceito, tínhamos também de encontrar os pontos de localização. Não foi uma tarefa fácil”, afirmou Natália.

Até o momento, 160 lugares foram mapeados - a ideia dos criadores é ampliar os pontos, e o próprio aplicativo permitirá o envio de sugestões. É possível observar a região pelo mapa atual ou por aquele do Rio dos anos 1830, redesenhado a partir do traço da artista plástica Juliana Russo.

Ao chegar a cada um dos pontos, a história com relação ao local é liberada. Ela pode ser contada a partir de reportagens escritas e vídeos. Trechos do livro 1808, do jornalista Laurentino Gomes, e anúncios de escravos publicados nos jornais do Rio no século 19 também são exibidos, através de áudios gravados pela cantora Anelis Assumpção. Os “segredos” explorados ficam armazenados, e a partir de então ficam acessíveis de qualquer ponto e a qualquer momento.

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Histórias a serem descobertas não faltam. “Temos a chegada de Dom João, República, Abolição, Tiradentes, Getúlio Vargas, João Goulart, Comício da Central, Diretas Já... Você tem tudo ali, muito próximo. É uma área que é um patrimônio brasileiro”, conta Natalia Viana.

“Fantasmas” também são encontrados pela região. São histórias tristes e horripilantes que marcaram a região central do Rio, seja da época do Brasil Império, seja do período da Ditadura Militar.

Fatos do noticiário mais recente também estão no aplicativo e citam desde o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba após investigações da Operação Lava Jato, até um furto que, de tão inacreditável, já chega a ser folclórico: o de seis vigas de aço do extinto Elevado da Perimetral, derrubado para as obras do Porto Maravilha. Cinco dessas vigas tinham 40 metros de altura por seis de largura, e uma possuía 25 metros de comprimento por seis de espessura. No total, foram 110 toneladas que simplesmente sumiram. A história delas, ao menos, poderá ser encontrada no aplicativo.

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