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Operação prende 32 bombeiros do Rio por corrupção

Eles são acusados de cobrar propina para liberar espaços, incluindo estádio usado pelo Fluminense; comandante pediu exoneração

Foto do author Marcio Dolzan
Por Fabio Grellet e Marcio Dolzan
Atualização:

Uma operação da Secretaria de Segurança, Polícia Civil e Ministério Público do Rio resultou ontem na prisão de 34 pessoas (32 bombeiros e 2 empresários), acusados de negociar propina para liberar o funcionamento de estabelecimentos comerciais sem os documentos exigidos por lei. No fim da tarde, o secretário estadual de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Ronaldo Alcântara, pediu exoneração.

Entre os presos estão dois assessores do comandante-geral. Mais de R$ 60 mil e um carro Kia Sportage foram apreendidos na casa de um tenente-coronel. Um BMW foi encontrado na casa de um cabo . Até a noite de ontem, outras quatro pessoas ainda eram procuradas na Operação Ingenium.

Os bombeiros são acusados de liberar alvarás e licenças de prédios comerciais em troca de pagamentos de propina Foto: Corpo de Bombeiros

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Ao todo, 38 ordens de prisão foram expedidas pela 1.ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Todos os detidos foram indiciados por organização criminosa, crime cuja pena é de prisão por 3 a 8 anos. A polícia cumpriu ainda 67 mandados de busca e apreensão nas casas dos suspeitos, em quartéis dos bombeiros e empresas. “Essa investigação começou quando um dos alvos mencionou o pagamento de propina para liberação de documentos envolvendo construções dentro de um dos Grupamentos de Engenharia do Corpo de Bombeiros”, contou o promotor de Justiça Fabio Corrêa.

A polícia logo concluiu que o grupo atuava em vários municípios, mas principalmente no Setor de Engenharia do 4.º Grupamento do Bombeiro Militar de Nova Iguaçu, no 14º Grupamento do Bombeiro Militar de Duque de Caxias (Baixada Fluminense) e no Grupamento de Operações com Produtos Perigosos. Essa unidade reúne bombeiros que expedem alvarás para funcionamento dos comércios da Baixada Fluminense. As investigações indicaram que estabelecimentos comerciais e locais de diversão pública – incluindo um estádio de futebol – receberam autorização para funcionar sem cumprir as exigências de segurança.

Estádio. Segundo os investigadores, o Estádio Giulite Coutinho, em Mesquita, na Baixada Fluminense, pertencente ao América, teve seu uso autorizado mediante o pagamento de propina a integrantes do Corpo de Bombeiros. O estádio fora cedido ao Fluminense, que em 2016 estava impossibilitado de jogar no Maracanã, então à disposição do Comitê Rio-2016.

A intenção do tricolor era usar o local desde o início do Brasileirão, em maio. Mas os bombeiros demoraram a fornecer os laudos de liberação, o que só aconteceu em julho. A investigação indicou que o estádio foi liberado mediante pagamento de propina a bombeiros.

Em nota, o Fluminense afirmou que “jamais se valeu de práticas ilegais nem se utilizou de vantagens indevidas com qualquer órgão público”. Também em nota oficial, o América se eximiu de responsabilidade no episódio.

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