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Caça da Marinha cai no mar do RJ; piloto está desaparecido

Acidente aconteceu durante treinamento com outro avião, que pousou em segurança

Por Constança Rezende , Wilson Tosta e Tania Monteiro
Atualização:

Dois caças modelo AF-1B (A-4KU-Skyhawk), da Marinha do Brasil, colidiram durante treinamento nesta terça-feira, 26, ao largo de Saquarema, na Região dos Lagos, no Rio, provocando a queda de um dos aparelhos no mar. O piloto conseguiu se ejetar, mas não tinha sido encontrado até o início da noite. O outro aparelho, mesmo danificado, pousou na Base Aeronaval de São Pedro D’Aldeia em segurança.

Segundo nota da Marinha, os aviões treinavam ataques a alvos de superfície com a fragata Liberal, a cerca de 100 quilômetros da costa. Quando se afastavam do navio, em formação tática, bateram. Uma operação de busca e salvamento, com pelo menos cinco helicópteros e dois navios, além de lanchas do Corpo de Bombeiros, foi desencadeada na região. As buscas pelo piloto desaparecido, cujo nome não foi divulgado, continuavam à noite.

Defesa. Aviões comprados do Kuwait foram modernizados e 12 tinham condições de voo Foto: EMBRAER/DIVULGACAO

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Por meio de nota, a Força Naval lamentou o ocorrido. “A Marinha deu início às buscas pelo piloto e está prestando todo o apoio necessário à família do militar”, disse no texto.

A Força negou oficialmente ao Estado que o treino fizesse parte da preparação para a Olimpíada. Segundo a assessoria de imprensa da instituição, tratava-se de atividade de rotina.

Ainda de acordo com a Marinha, as duas aeronaves modelo AF-1B, Skyhawk, que pousam no porta-aviões São Paulo, faziam o exercício quando, “durante o voo de afastamento do navio, em formatura tática, para a realização de um novo ataque, houve a colisão entre as aeronaves, com a provável ejeção do piloto e queda de uma delas no mar”. Embora o exercício fosse de rotina, as aeronaves poderiam ser empregadas na patrulha do litoral do Rio, caso houvesse necessidade, durante os Jogos Olímpicos. 

Histórico. O avião acidentado passara por processo de modernização na Embraer, no Brasil, segundo contrato de R$ 106 milhões assinado em 2009, envolvendo a compra de 12 aeronaves do modelo. Os Skyhawk adquiridos pelo Brasil lutaram na Guerra do Golfo (1990-1991), tendo cumprido missões na Operação Tempestade do Deserto. Atualmente, porém, são consideradas aeronaves obsoletas – os EUA aposentaram as últimas em 1999.

O País comprou 23 A-4 Skyhawk, todos da versão A-4KU, a última a ser produzida. Três eram modelos com dois lugares, para treinamento; os demais eram monopostos, com espaço apenas para o piloto. Porém, apenas 12 continuavam em condições de voo.

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Os aviões foram comprados do Kuwait ainda durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), para equipar o porta-aviões São Paulo, adquirido da Marinha francesa, onde servira sob o nome de Foch. Desde os anos 1940, com a criação do Ministério da Aeronáutica, a Marinha não mantinha aviões de combate.

Os aparelhos ficam na Base de São Pedro d’Aldeia, onde integram o Primeiro Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (Esquadrão VF-1). Deveriam atuar a partir do São Paulo, mas o porta-aviões teve vários problemas técnicos nos últimos anos, incluindo um incêndio. Os caças A-4 usados pela Marinha do Brasil devem ser aposentados em 2025. / COLABOROU FABIO GRELLET

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