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Depois de 33 anos, Portela é a campeã do carnaval carioca

Escola mostrou sequência de alegorias de fortíssimo apelo visual e que usaram recursos tecnológicos surpreendentes

Por Roberta Pennafort , Mariana Sallowicz e Fabio Grellet
Atualização:
Integrantes da Portela comemoram o título Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Depois de uma espera de 33 anos, a Portela, mais antiga escola de samba carioca a desfilar no Grupo Especial do Rio, sagrou-se campeã do carnaval. Foi o 22.º título da Azul e Branca – que já era a maior detentora de títulos da história dos desfiles – e o quarto da carreira do carnavalesco Paulo Barros. Na Série A, o campeão foi o também tradicional Império Serrano.

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A Mocidade manteve competição acirrada com a Portela até o último dos nove quesitos: enredo. “O Brasil precisa da Portela, a cultura popular precisa da Portela. Agora a Portela vai ter paz para ser a grande escola que ela tem de ser, não vai ter mais que carregar essa cruz do jejum”, celebrou o presidente da agremiação, Luis Carlos Magalhães. “Mais importante do que levantar a bandeira da Portela é levantar a bandeira do samba”, defendeu. 

Com e sem Paulinho. Conhecida em todo o País por ser berço de compositores como Paulinho, Zé Keti, Monarco, Candeia e Zeca Pagodinho, a escola, fundada em 1923 e com uma das maiores torcidas do Rio, fez um desfile contagiante na madrugada de terça-feira. A inspiração foi o clássico samba do portelense Paulinho da Viola Foi um Rio que Passou em Minha Vida. Curiosamente, a Portela venceu no ano em que Paulinho não estava na avenida – estava fora do Rio fazendo shows.

A escola levou alegorias e fantasias inspiradas em rios, seus animais e lendas, e teve a tarefa de elevar o ânimo do sambódromo depois do desfile da Tijuca, paralisado por um grave acidente com um carro alegórico, que deixou 12 feridos. Como nos versos de seu samba-enredo, a correnteza azul e branca levou a tristeza embora.

Foi uma sequência de carros alegóricos de grande impacto visual, cheios de recursos tecnológicos surpreendentes – o que é bem característico de Paulo Barros. A Sapucaí, que sempre recebe bem a Portela, ficou boquiaberta desde a passagem da comissão de frente, que representava a piracema. 

A Portela participa da competição entre as escolas desde 1932. A última vitória tinha sido em 1984, ano de inauguração do Sambódromo. Na ocasião, havia uma campeã para cada dia, e uma supercampeã, que foi a Mangueira. 

O derradeiro campeonato exclusivo foi em 1970, com o lendário enredo Lendas e mistérios da Amazônia. “Meu jejum vem desde 1970. Agora a gente vai fazer a feijoada da vitória”, brincou Tia Surica, integrante da Velha Guarda.

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Sem rebaixamento. As duas últimas colocadas foram a Unidos da Tijuca e o Paraíso do Tuiuti, mas foi decidido – em uma reunião entre dirigentes de todas as escolas – que não haveria a queda para a série A. Isso porque eles entenderam que os dois acidentes com carros alegóricos dessas duas escolas foram “fatalidades”. Os problemas resultaram em 32 feridos e dois deles ainda estão em estado grave.