‘Ele não poderia nunca estar dirigindo’, diz vítima de atropelador de Copacabana

Valdinei de Lima Nascimento tomava uma cerveja num quiosque da orla, quando foi atropelado no calçadão

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Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - Pintor desempregado, Valdinei de Lima Nascimento, de 33 anos, tomava uma cerveja num quiosque da praia de Copacabana, na noite de quinta-feira, 18, quando foi atropelado no calçadão. Ele tinha acabado de cumprir a função que tem como bico: ajudar um barraqueiro com barracas e cadeiras usadas pelos banhistas.

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"Quebrei a clavícula, não consigo andar, levei pontos no rosto. Mas acho que nasci de novo, podia ter morrido, como o bebezinho", disse, nesta sexta-feira, 19, enquanto esperava a mãe para buscá-lo no Hospital Miguel Couto,  no Leblon.

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Nove vítimas do atropelador, Antonio Anaquim, ainda estão internadas. Entre elas estão um bebê de 2 anos e crianças de 7 e 10 anos.  O carro atingiu 17 pessoas, matando um bebê de 8 meses. A mãe da menina foi com o marido reconhecer o corpo da filha no Instituto Médico Legal nesta manhã de sexta-feira, 19. Abalada, não conseguiu sequer sair do carro em que foi levada.

Copacabana.O carro atravessou tanto a ciclovia como a calçada e só parou no início da faixa de areia Foto: Antonio Scorza/Agência O Globo

"Tiraram meu bebê de mim", chorava.

O caso mais grave é de um turista de 68 anos, da Austrália. As demais vítimas tiveram fraturas nas pernas, traumas na face e escoriações. O australiano respira com ajuda de aparelhos.

Anaquim disse ter tido uma ataque epiléptico ao volante.

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Uma mulher que o acompanhava confirmou que ele teve um ataque no veículo e desmaiou. O motorista deverá responder por homicídio culposo, segundo a polícia.

O calçadão estava lotado, por ser período de férias e fazer muito calor. "Foi muito rápido, não deu para entender. Estava sentado tomando cerveja e, de repente, no chão. Mas vou superar. Pior foi para as crianças e bebês. Foi muito pânico", contou Nascimento.  

"Ele nunca poderia estar dirigindo se tem epilepsia. É uma irresponsabilidade, ninguém tem nada com isso", criticou o pintor. Ele está com um dos joelhos muito inchado, pela pancada. Ele está desempregado há um ano e agora se preocupa com os documentos e os pertences que deixou para trás no calçadão com o atropelamento. "Ficou tudo lá. Perdi os documentos mas fiquei com a vida."

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O Departamento Estadual de Trânsito do Rio de Janeiro (Detran-RJ) informou que o motorista Antonio Anaquim teve processo de suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) aberto em maio de 2014 e não cumpriu a exigência de devolução do documento para fazer o curso de reciclagem. O órgão instaurou processo de cassação da carteira.

"O Detran esclarece que cumpriu com todo o trâmite do Código Brasileiro de Trânsito", diz nota enviada à imprensa, em que o órgão se solidariza com as vítimas do acidente. "O Detran-RJ informa que pessoas com epilepsia podem ter CNH. No entanto, para ter a CNH validada, os cidadãos precisam passar por uma avaliação neurológica. Quando apto para dirigir, o exame médico terá validade menor de acordo com a avaliação médica e o cidadão só poderá ter a CNH na categoria B (somente para carros).No caso do acidente, o motorista, durante seu exame de validação médica, negou ter qualquer doença neurológica, inclusive epilepsia."

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