Escolas campeãs do Rio apostam em ‘maldição’

Vila, Salgueiro, Portela, Imperatriz e Mangueira querem manter a tradição de que normalmente o título vem do desfile de segunda-feira

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Por Roberta Pennafort
Atualização:
Rainha de bateria da Estácio, primeira escola a se apresentar na Sapucaí Foto: Wilton Júnior/Estadão

RIO - Há 32 anos, desde que o Sambódromo foi inaugurado e os desfiles das escolas do Grupo Especial passaram a ser realizados em dois dias, os sambistas acreditam na “maldição do domingo”. Isso porque, em todo esse tempo, a campeã do carnaval saiu na segunda-feira por 26 vezes, a começar pela supercampeã de 1984, a Mangueira. A verde-e-rosa ganhou da Portela, sagrada a melhor apenas do domingo. Neste carnaval, a expectativa sobre a segunda-feira é ainda maior. Nela, concentram-se cinco escolas com grande torcida (além da São Clemente) e histórico de vitórias: na ordem, Vila Isabel, Salgueiro, Portela, Imperatriz e Mangueira. 

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A Portela, dona do maior número de campeonatos, 21, espera que a chegada de Paulo Barros tire o jejum que vem de 1984. Barros é considerado o mais inventivo carnavalesco da atualidade e tem três troféus, de 2010, 2012 e 2014, pela Unidos da Tijuca. “O portelense está feliz com Paulo Barros. Ele é inovador e estrategista. Foi um casamento bonito com a nossa tradição, e o deixamos à vontade. Tenho certeza que a Portela vai brigar pelo título”, contou o compositor Monarco, símbolo da escola de Madureira.

O enredo deste ano, No voo da águia, uma viagem sem fim, é de autoria de Barros, e o desfile promete apresentar alguns ingredientes que fizeram sua fama. É um tema abstrato, aberto, que dá margem a desdobramentos diversos. Inclui personagens da literatura universal, como Gulliver, que aparecerá na forma de uma escultura gigante, deitado e amarrado, tal qual no romance do escritor irlandês Jonathan Swift, e se levantará na avenida. Também passa por referências da cultura pop, como o seriado norte-americano dos anos 1960 Perdidos no Espaço. A águia, símbolo portelense, sobrevoa também as incursões de paleontólogos atrás de registros da vida na Terra e as viagens interplanetárias. 

Três escolas dividem com a Portela as maiores expectativas desta noite. O Salgueiro criou uma “Ópera dos Malandros” e tem o samba mais cantado até aqui. A Imperatriz homenageia Zezé di Camargo e Luciano e também se apoia na força de seu samba, melodioso e de refrão fácil, que usa o verso “É o amor...”, a música mais famosa da dupla sertaneja. E a Mangueira celebra a cantora Maria Bethânia e sua religiosidade no enredo A menina dos olhos de Oyá. 

Mangueirense que foi enredo em 1998, quando a escola venceu o campeonato, Chico é esperado na verde-e-rosa, ao lado de Maria Bethânia, Caetano Veloso e outros parentes vindos da Bahia. Mas sua presença não está plenamente confirmada.

Arraes e palhaços. A noite será aberta pela Vila Isabel, que louva o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes (1916-2005), que faria 100 anos em dezembro deste ano. O enredo foi desenvolvido por Martinho da Vila, presidente de honra e maior símbolo da escola, com o carnavalesco Alex de Souza. 

Já a São Clemente da carnavalesca Rosa Magalhães conta Mais de mil palhaços no salão, uma genealogia da figura do palhaço. Ao fim, a escola vai promover um “panelaço” na avenida, em uma referência às manifestações contra a presidente Dilma Rousseff e o PT.

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