Fogo já destruiu 2,6 mil hectares de Mata Atlântica em Petrópolis

Desde segunda, 4 aeronaves e 600 agentes dos Bombeiros tentam combater as chamas; ainda restam 8 focos em parques da cidade

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Por Thaise Constâncio
Atualização:

Atualizada às 22h30 Logo na chegada a Petrópolis, na região serrana do Rio, já é possível sentir o cheiro de queimado no ar. Em toda a cidade, o fogo já destruiu 2,6 mil hectares de Mata Atlântica. Ontem, ainda restavam quatro focos no Parque Nacional da Serra dos Órgãos e outros quatro na Reserva Biológica de Araras. Iniciado há 11 dias, o incêndio provocou o fechamento da Estrada Petrópolis-Teresópolis por 24 horas. Áreas residenciais eram ameaçadas pelo fogo e alguns moradores abandonaram suas casas. A Defesa Civil do Estado solicitou ao Ministério da Defesa quatro aeronaves para auxiliar no trabalho de combate ao fogo. Cerca de 600 bombeiros participam da operação desde domingo. “É um incêndio de magnitude nunca vista na região”, disse o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), após sobrevoar a área atingida.

Helicóptero chega em área que está sendo resfriada para receber agentes no quartel do Corpo de Bombeiros de Itaipava, em Petrópolis. Foto: Wilton Jr/Estadão

A expectativa da Defesa Civil é de que, com a ajuda federal, a situação seja controlada nos próximos três dias. “Agora temos de torcer para ver se chega um pouquinho de chuva, porque já está faltando água em São Fidélis (no norte fluminense). Aquela região está correndo sérios problemas”, disse o governador. A previsão de chuva, porém, é somente para início da próxima semana. Na Serra dos Órgãos, o fogo já consumiu 575 hectares – o parque nacional tem 20 mil hectares. Considerando-se a área de amortecimento ao redor da unidade de conservação, foram queimados mil hectares de floresta. O chefe da unidade, Leandro Goulart, disse que, com a noite úmida, o fogo não se alastrou muito de anteontem para ontem, mas o sol voltou a aparecer ao meio-dia, ampliando as chamas. Trinta brigadistas estão acampados perto do principal foco de incêndio. Uma aeronave que dava apoio sofreu uma pane e precisou retornar ao Rio. Veterinários e voluntários trabalham na tentativa de salvar os animais. O Parque Estadual dos Três Picos também foi atingido e perdeu cem hectares da zona de amortecimento. Na estrada que liga Petrópolis a Itaipava, quilômetros de Mata Atlântica que beiram a rodovia foram devastados. A estrada separa residências, de um lado, da encosta em chamas, do outro. Moradora do bairro Quitandinha, Neir Maria dos Santos, de 41 anos, contou que no fim de semana teve dificuldades para respirar por causa da queimada. “O ar está muito quente e pesado nesses dias. Coloquei roupa branca no varal à noite e no dia seguinte estava preta, cheia de fuligem.” Controle. Segundo o secretário de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, é pouco provável que os focos de incêndio evoluam. “No perímetro urbano, temos ao longo da estrada fogo na vegetação, eventualmente perto de casas, mas não tivemos nenhuma casa atingida, todos os eventos foram atendidos pelos bombeiros”, afirmou. Na área perto da Reserva de Araras, moradores cederam a água de piscinas para ajudar no combate ao incêndio. Na cidade, os rios e córregos estão praticamente secos. No município de Rio das Flores, no sul fluminense, também há diversos focos de incêndio.

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