Foliões fazem críticas sociais e políticas no Cordão do Boitatá

Um dos mais tradicionais do Rio, bloco completa 19 anos

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Por Carina Bacelar
Atualização:

Atualizado às 15h.

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RIO - O domingo de carnaval conta com um dos blocos mais tradicionais do Rio. O Cordão do Boitatá, que em 2015 completa 19 anos, lotou a Praça XV, no centro histórico do Rio. De manhã, as primeiras marchinhas embalavam os foliões e o clima era de tranquilidade - nem as costumeiras filas para os banheiros eram observadas. 

Em tempos de blocos com repertório de funk, pop ou até de bandas estrangeiras, a proposta do Boitatá é resgatar as marchinhas e o samba. Costumam dizer que o carnaval do bloco é um "baile multicultural". Por trás das composições e em cima do palco - o Boitatá é um bloco que não sai em desfile - estarão nomes de peso da MPB.

Em 2015, os compositores Teresa Cristina, Marcelinho Moreira, Fred Camacho, Claudio Jorge, Tuninho Galante, Marceu Vieira, Zé Paulo Becker, Claudio Jorge, Hamilton de Holanda e Eduardo Neves vão lembrar os 450 anos em canções criadas para o baile deste ano. Já no trio, estarão também interpretes como Roberta Sá, Marquinhos de Oswaldo Cruz e Pedro Miranda. A compositora Teresa Cristina, vestida de mulher maravilha, chegou a quebrar o protocolo e cantar uma música da funkeira Valesca Popozuda. 

Professores aproveitaram a oportunidade para criticar a crise hídrica Foto: Carina Bacelar/Estadão

Por volta de 10h, o Bloco, que costuma reunir fãs dos bailes de carnaval, levava idosos e crianças ao Paço Imperial, mesmo sob sol e forte calor. Outra marca registrada do Boitatá é a irreverência, o que podia ser observado nos diversos grupos que optaram por fantasias contendo críticas sociais e políticas.

Todo ano, o professor Marcelo Ferro, de 48 anos, e mais três colegas e também professores, costumam ir ao Boitatá com fantasias que fazem piada com problemas sociais. "Sempre é no Boitatá, a gente só usa essas fantasias aqui", diz . "O bloco tem um componente de irreverência e um público que pode divulgar a ideia". A escolha deste ano foi a crise hídrica e os quatro estavam vestidos de "solução": nas roupas, menções a lencinhos umedecidos e fraldas. A fantasia foi confeccionada uma semana antes. "A gente procura escolher o tema que esteja mais em voga no momento", conta o professor.

Já o estilista Jerry Fernando dos Santos, de 48 anos, levou amigos e familiares ao Boitatá: todos vestidos de empregadas domésticas. O mote é criticar a corrupção: a fantasia do grupo era uma menção à "faxina em Brasília". Eles brincam carnaval juntos há 10 anos no Cordão do Boitatá. "A gente sempre escolhe uma profissão pra brincar", afirma o estilista, que já se vestiu com os amigos de equipe médica e de cozinheiros. "O Boitatá é um bloco parado que tem esse clima de baile de carnaval como antigamente", diz Santos, justificando a preferência pelo bloco.

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Bangalafumenga. Outro destaque do domingo de carnaval no Rio foi o Bangalafumenga. Nascido no carnaval de 1998, o bloco tem a percussão, que embala o repertório de Música Popular Brasileira, como uma de suas marcas registrada. O "Banga", como é conhecido, levou 80 mil foliões ao aterro do Flamengo, na zona sul do Rio, mesmo sob sol forte.

Há duas semanas, o bloco se envolveu em uma polêmica na internet ao anunciar que não desfilaria por causa da sujeira provocada pelos foliões. Depois, publicou na sua página no Facebook um vídeo comunicando que o desfile estava mantido. Na ocasião, uma marca de produto de limpeza foi anunciada como apoiadora do grupo.

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