Forças Armadas encerram cerco à favela da Rocinha

Comboios de tropas federais começaram a sair da favela antes do início do dia; ministro da Defesa diz que principais líderes do tráfico já deixaram favela

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Por Bibiana Borba
Atualização:
Soldado das Forças Armadas patrulha rua da Rocinha nesta quinta-feira Foto: Mauro Pimentel/AFP

Os cerca de mil agentes das Forças Armadas que atuavam havia uma semana na Rocinha, na zona sul do Rio, deixaram a favela no início da manhã desta sexta-feira, 29. Os primeiros comboios de caminhões e tropas desceram o morro por volta das 3h30. Às 9 horas, o cerco das tropas federais já estava encerrado. Os acessos de veículos à favela, antes controlados pelos militares, foram reabertos.

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O fim da operação foi confirmado pelo porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), coronel Roberto Itamar. "O cerco é pontual e de curta duração. Agora já vemos o comércio aberto, moradores indo trabalhar normalmente e até a presença de turistas", disse, em entrevista à rádio CBN.

"As forças de segurança sempre contarão, quando necessário e solicitado, com o apoio das Forças Armadas, que têm capacidade de pronta resposta bastante eficiente em qualquer ponto da área metropolitana do Rio de Janeiro. Foi o que aconteceu no início do cerco", garantiu o coronel.

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Ao menos 24 pessoas foram presas dentro da favela durante o período. Um balanço total das operações deve ser divulgado pelas Forças Armadas e pela Secretaria de Estado de Segurança do Rio. 

O encerramento da operação havia sido anunciado pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, nesta quinta-feira, 28. “Soubemos que os principais líderes do tráfico na Rocinha foram para outras comunidades. Consideramos assim, por bem, retirar as tropas. Mas montamos um esquema pelo qual em duas horas, se houver algum problema na Rocinha e formos acionados, poderemos voltar”, disse Jungmann ao Estado

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Ao menos duas ocorrências de violência foram registradas desde a noite desta quinta na Rocinha. Uma tropa de choque da Polícia Militar reagiu a um ataque de um criminoso e o matou na região da Vila Verde. Duas pistolas foram apreendidas com o homem. Já as Forças Armadas resgataram dois adolescentes de 16 anos que foram torturados por traficantes e chegaram a ser banhados em álcool, conforme informações do CML.

Confronto. O chefe do tráfico na favela, Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, segue foragido. Uma recompensa de R$ 50 mil é anunciada para quem tiver informações sobre a localização do criminoso. Ele foi o "substituto" de Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, que está preso desde novembro de 2011.

Logo depois de assumir o controle da venda de drogas, porém, Rogério rompeu laços com o antigo chefe e instaurou um sistema de milícia na favela. O conflito armado das últimas semanas teria começado por ordens de Nem, de dentro da Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, para que aliados retomassem o controle do tráfico na região.