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Governo federal suspende licitação para venda do edifício A Noite

O prédio abandonado fica às margens da Baía de Guanabara e se tornou uma espécie de patinho feio após a revitalização da zona portuária carioca

Por Mariana Durão
Atualização:
Prédio é tombado pelo município do Rio e pelo Iphan Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

RIO - O governo federal suspendeu o processo de licitação para a venda do histórico edifício A Noite, na Praça Mauá. Primeiro arranha-céu da América Latina, o prédio abandonado fica às margens da Baía de Guanabara e, vizinho de novas construções como o Museu do Amanhã, se tornou uma espécie de patinho feio após a revitalização da zona portuária carioca. À frente do processo anunciado no fim do ano passado, a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) aguarda uma proposta formal do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), que pretende voltar a ocupar o edifício.

"A orientação geral no governo é não fazer grandes reformas, mas estamos pedindo autorização para reformar este prédio, o que seria mais econômico", disse o presidente do Inpi, Luiz Otávio Pimentel, após discutir a ideia com ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, no Rio. O pedido deverá ser levado pelo MDIC - pasta a qual o Inpi é vinculado - ao ministério do Planejamento. 

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O Ministério do Planejamento informou ao Estado que a decisão de suspender a licitação é anterior à manifestação de interesse do Inpi e foi tomada no final do ano pela nova gestão da SPU, que resolveu reanalisar o processo.

Projetado pelos arquitetos Joseph Gire - o mesmo do Hotel Copacabana Palace - e Elisário da Cunha em estilo art déco, o edifício de 1929 é um marco da arquitetura e da engenharia da época. Seus 22 andares já abrigaram o jornal vespertino "A Noite" (até 1937), a Rádio Nacional (até 2012) e o Inpi (da década de 1960 até 2006), seu atual proprietário ao lado da União Federal. 

O imóvel é tombado pelo município do Rio e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em setembro o Ministério Público Federal (MPF) no Rio entrou com ação civil pública para obrigar a União e o INPI a reformar o prédio. 

A possibilidade do A Noite ser vendido ao setor privado acendeu um alerta, já que ninguém sabia se o edital de venda incluiria entre as exigências a manutenção do auditório e de três antigos estúdios por onde passaram artistas da Era de Ouro do Rádio como Cauby Peixoto (1931-2016) e Marlene (1922-2014). 

A ideia era que o imóvel fosse transformado em um hotel, um prédio comercial ou residencial. Uma das interessadas seria a americana Tishman Speyer, dona do Rockefeller Center, em Nova York, e do primeiro edifício corporativo inaugurado Porto Maravilha, no Rio. 

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A esperança do Inpi é que o governo volte atrás e autorize a realização da reforma do A Noite. Pimentel estima o custo da obra entre R$ 40 milhões e R$ 60 milhões, com prazo de dois anos. Regularizar a situação dos imóveis do instituto é uma de suas principais demandas para cortar gastos.