Homem afirma à polícia ter matado 43 pessoas no Rio de Janeiro

Depois de preso por tentar esfaquear uma mulher, ele afirmou que 'ficava bem' ao assassinar as vítimas; polícia investiga depoimento

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Por Tiago Rogero
Atualização:

Atualizada às 20h45

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RIO - Preso em flagrante na terça-feira à noite pelo assassinato de uma mulher, Saílson José das Graças, de 26 anos, afirmou à Polícia Civil ter matado 39 mulheres, três homens e um bebê de 2 anos nos últimos nove anos. Nesta quinta-feira, 11, o delegado titular da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Pedro Medina, afirmou já haver indícios de pelo menos seis dos 43 crimes. A polícia investiga para saber se, de fato, Saílson cometeu a quantidade de assassinatos que relatou.

Dos seis casos em que já há indícios, quatro já tinham inquéritos abertos na DHBF, todos deste ano. Neles, Saílson teria atuado a mando da companheira, Cleusa Balbina, de 42 anos, também presa na terça-feira pelo assassinato de Fátima Miranda, de 62 anos. A vítima supostamente devia R$ 40 a Cleusa, que pediu a Saílson para matá-la. Os outros três casos foram por motivos semelhantes, de acordo com a polícia. Em troca, o matador recebia hospedagem, roupas e alimentação. Na casa, morava também o ex-marido de Cleusa, José Messias, que foi igualmente preso pela morte de Fátima. 

As demais 38 mulheres Saílson matou “por prazer”, afirmou nesta quinta-feira, 11, ao ser “apresentado” à imprensa na delegacia. “Não sei se foram 38 mulheres que ele executou”, disse o delegado da DHBF. “Mas tudo até agora nos leva a crer que pode ser uma história verídica. Ainda não encontramos nenhum indício de contradição.”

Saílson José das Graças foi preso na noite desta terça-feira, 9, ao tentar esfaquear uma mulher; ele diz ter cometido mais de 40 assassinatos na Baixada Fluminense Foto: Fábio Gonçalves/Agência O Dia

Além dos quatro casos já investigados pela Divisão de Homicídios, o delegado afirmou que, em mais dois, os detalhes fornecidos por Saílson bateram com registros antigos de outras delegacias, como o assassinato de mãe e filho há quatro anos. Apesar de ter dado detalhes desses seis casos, sobre outros Saílson foi mais evasivo e confuso, contou o delegado. “Não queremos criar um factoide, por isso estamos checando tudo com calma”, disse. Corpos. Calmo, o criminoso disse só ter se arrependido de matar o bebê, há quatro anos, que começou a chorar enquanto a mãe era assassinada e, por isso, também foi morto. Ele disse que não escondia os corpos - só o da primeira vítima, que matou quando tinha 17 anos. Quando era contratado, matava a facadas. Quando era “por prazer”, enforcava. Saílson afirmou que ficava nervoso quando passava mais de dois meses sem matar ninguém. Suas vítimas eram mulheres brancas. “Negra da raça, não, porque é da família”, disse. Tática. Para o delegado Pedro Medina, ele não havia sido preso até hoje por causa de suas táticas: ao cometer os crimes, relatou usar toucas ninja, por exemplo, caso houvesse câmeras de segurança por perto, e cortava as unhas das vítimas depois de enforcá-las, para que não fossem encontrados vestígios. À imprensa, Saílson afirmou ser “calculista”: disse que ficava observando as casas das vítimas, seus hábitos, e procurava brechas, em um discurso muito parecido com o de filmes sobre assassinatos - que Saílson gostava de assistir, de acordo com sua página no Facebook. Ele também afirmou que a companheira Cleusa sabia das mortes e que costumava dizer para ela, quando saía para cometer os crimes, que iria “caçar”. Ele já tinha quatro passagens pela polícia, mas nenhuma por assassinato.

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