Marielle criticou, na Câmara, vereador apontado como suspeito por testemunha

Vídeo mostra parlamentar, que foi morta em 14 de março, dirigindo-se a Marcello Siciliano: 'Minha palavra vale mais do que a meia dúzia aqui'

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Por Roberta Jansen e Roberta Pennafort
Atualização:
Polícia ainda não desvendou quem matou a vereadora Foto: Wilton Júnior/Estadão

RIO - A vereadora Marielle Franco (PSOL), executada em 14 de março, postou em agosto do ano passado um vídeo em que faz duras críticas ao também vereador Marcello Siciliano (PHS) na Câmara dos Vereadores. Siciliano e o ex-PM Orlando Oliveira de Araujo foram apontados como os principais suspeitos do assassinado por uma testemunha ouvida na investigação. 

+++ 'Quem matou e quem mandou matar Marielle?'

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Na postagem, de 18 de agosto, Marielle afirma, se dirigindo a Siciliano, que a palavra dela também tem valor. “A minha palavra é palavra de mulher, mas vale. Não é só palavra de homem que vale não”, diz ela. E continua: “Vale mais do que a de meia dúzia aqui que desce fazendo gracinha no elevador para a assessoria com relação às questões do PL da visibilidade lésbica. Então, estou dispondo os microfones, claro que com a anuência da presidência, para que cada um se inscreva para falar no microfone. Não fazer piada no elevador e muito menos achar que palavra de homem é só o que vai valer aqui porque palavra de mulher vai valer também.”

O vereador Marcello Siciliano (PHS) disse nesta quarta-feira, 9, que a acusação de que ele tem envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) é um "factoide". A denúncia foi feita à polícia por uma testemunha, que agora está sob proteção. Para o vereador, o relato não tem credibilidade. A vereadora foi executada no dia 14 de março. A polícia investiga a participação de milícia no caso.

"Quero expressar minha indignação como ser humano. Estou perplexo. Minha relação com a Marielle era muito boa. Podem buscar as câmeras da Câmara. Ela sentava na minha frente, a gente conversava muito, se abraçava, se beijava. Nunca teve conflitos políticos. Ela participou da minha festa de aniversário. Estou sendo massacrado nas redes sociais. Mais do que nunca, quero que o caso seja resolvido" disse Siciliano, numa entrevista coletiva, que ele mesmo convocou, e que aconteceu no auditório de um prédio no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio.

Segundo a denúncia, o vereador, com atuação no ramo da construção civil, teria participado no ano passado de uma reunião num restaurante com um ex-policial militar chamado Orlando de Oliveira Araújo, hoje preso, na qual teria dito que Marielle estaria lhe "atrapalhando". Ela teria sido chamada por Siciliano de "piranha do Freixo", alusão ao deputado Marcelo Freixo (PSOL), com quem a vereadora trabalhou antes de se eleger.

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