Médica que recusou atendimento a criança é ouvida pela polícia

Haydée Marques da Silva chegou à delegacia da Barra da Tijuca por volta das 10h30 e não quis falar com imprensa

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Por Lucas Gayoso
Atualização:

RIO - A médica acusada de negligenciar o atendimento de uma criança de 1 ano e meio, ocasionando sua morte, está prestando depoimento na manhã desta segunda-feira, 12, na 19ª Delegacia de Polícia (Barra da Tijuca), na zona oeste da capital fluminense. Haydée Marques da Silva, de 66 anos, chegou ao local por volta das 10h30 e não quis falar com a imprensa. 

Ao ser questionada pelos jornalistas, a médica Haydée Marques da Silva se limitou a dizer que já teria falado com a imprensa Foto: Fábio Motta/Estadão

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Ao ser questionada, a médica se limitou a dizer que já teria falado com a imprensa. Em matéria publicada no jornal Extra neste domingo, 11, ela se justificou dizendo que não era habilitada para atender crianças. Além disso, afirmou que estaria sem condições psicológicas para trabalhar.

Para o advogado da família do menino Breno Rodrigues Duarte da Silva, Gilson Moreira, que também está na delegacia, os argumentos de Haydée não justificam a omissão de socorro.

"Ela tinha um alerta para a Penha, e a Unimed abortou este atendimento para que a equipe prestasse socorro imediato ao Breno, então sabia da gravidade", disse. "As razões que ela apresenta não têm fundamento. Ela deveria ter entrado no apartamento e encaminhado o menino para um hospital."

A acusação contra a médica pretende ainda agravar a tipificação do crime. "A tipificação inicial é de crime culposo, mas vislumbramos que possa mudar para homicídio qualificado", declarou Moreira.

De acordo com o advogado, a família deverá processar também a empresa Unimed e pedirá ao Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) o afastamento imediato da profissional.

Breno Rodrigues Duarte da Silva tinha apenas 1 ano e 6 meses Foto: Rhuana Lopes Rodrigues

Denúncias

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Após o caso ter se tornado público, outras denúncias apareceram.

Vanessa Pinheiro Martins, de 33 anos, contou que o pai, Leonel Martins, de 62 anos, portador de esclerose amiotrófica, precisava apenas de uma lavagem estomacal. No entanto, o seu estado de saúde se agravou após ter ficado 10 minutos sem oxigênio a caminho da ambulância, por orientação de Haydee. 

Segundo a delegada Isabelle Conti, em 2011, a médica se recusou a atender um paciente que requisitou tomografia. "A paciente se exaltou, e a médica, indignada, chegou a arranhar a vítima. Isso foi em uma unidade de saúde no bairro de Todos os Santos, na zona norte do Rio. O caso foi para o Ministério Público e foi oferecido a ela uma transação penal, ou seja, uma pena alternativa. No entanto, ela não cumpriu as medidas impostas pela transação penal. O processo prescreveu pelo tempo decorrido", contou.

Na semana passada, a polícia procurou a médica em três endereços. Os agentes estiveram em Botafogo, no Recreio dos Bandeirantes e em Benfica. Mas, em nenhum deles, a anestesista foi encontrada.

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