Atualizado às 20h02
Uma menina de 6 anos ficou presa na porta de um ônibus municipal, pelo lado de fora, e foi transportada desta forma ao longo de cinco quilômetros, na zona norte do Rio, na noite de quinta-feira, 10. Mesmo alertado pelos gritos dos passageiros, o motorista não parou a condução.
O veículo circulava pelo BRT Transcarioca, espécie de corredor expresso em que é permitida a velocidade de até 80 km/h, conforme o trecho. Desesperados, os passageiros avisaram o motorista Cláudio Hamilton que a menina estava presa à porta, mas ele se negou a parar, sob a alegação de que só na estação seguinte poderia estacionar, de acordo com testemunhas.
Dentro do ônibus, a avó Rita Augusta, de 81 anos, segurava Jhennifer Florêncio na tentativa de evitar que ela se chocasse com o asfalto. A idosa fez tanta força que o braço direito da criança sofreu uma luxação.
O caso aconteceu por volta das 18 horas de quinta. Jhennifer seguia com uma tia, a avó e quatro primos para um cinema em Botafogo, na zona sul do Rio, onde assistiriam ao filme Cinderela.
O grupo desembarcaria na Estação da Maré para pegar outra condução.
Quando chegou à estação, Rita segurou a mão da neta para que ela pulasse o vão entre o ônibus e a plataforma de embarque. Exatamente nessa hora, o motorista fechou a porta, com a avó dentro e Jhennifer fora, presa à porta.
O trajeto até a estação seguinte, a do Fundão, demorou cerca de dez minutos. A avó tentou manter a criança suspensa durante todo o trajeto para que ela não se machucasse.
Fuga. Apesar dos protestos dos passageiros, o motorista não parou. Quando chegou à estação seguinte, freou bruscamente o ônibus, desceu levando a mochila e fugiu correndo, relataram as pessoas que estavam no veículo.
Assustada, Jhennifer chorava muito. “Ela ficou traumatizada, está tremendo muito e com dores no braço. E não quer mais andar de BRT. Diz o tempo todo que achou que iria morrer, e não quis ir à escola hoje (sexta)”, contou a mãe da criança, Jéssica Florêncio e Lira, de 23 anos. “Se minha mãe não tivesse conseguido segurar a Jhennifer, ela teria sido arremessada. Vou à Justiça”, afirmou ela.
O caso foi registrado na 21.ª Delegacia (Bonsucesso, zona norte) como lesão corporal culposa (não intencional). O motorista apresentou-se na 64.ª Delegacia (localizada em São João de Meriti, cidade que fica na Baixada Fluminense), prestou depoimento e foi liberado. A Viação Santa Maria informou tê-lo demitido na manhã desta sexta.
Crítica. O consórcio BRT divulgou nota informando que a atitude do motorista “não condiz com a atitude que se espera dos profissionais que atuam no sistema”.