RIO - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro encaminhou na manhã desta quarta-feira, 3, à Justiça da Infância e da Juventude em Matéria Infracional pedido para que o terceiro adolescente acusado do assassinato do médico Jaime Gold, de 56 anos, seja internado em unidade destinada menores de 18 anos de anos de idade apontados como envolvidos em crimes.
O médico foi esfaqueado e morto na noite do último dia 19 de maio às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio, onde passeava de bicicleta. O crime chocou a sociedade carioca. Nos dias posteriores, dois adolescentes, de 16 e15 anos, foram detidos e acusados pelo assassinato.
Com 17 anos, o terceiro adolescente suspeito da morte do cardiologista apresentou-se nesta terça-feira, 2, à Polícia Civil, assumindo participação no crime. À noite prestou depoimento ao Ministério Público. Ele deverá responder por ato infracional análogo ao crime de latrocínio (roubo seguido de morte), assim como os dois primeiros menores detidos pela polícia e também internado em instituições para crianças e adolescentes infratores.
A participação dos três adolescentes na morte de médico é apurada em três processos, que correm em segredo de Justiça. O juizado tem até 45 dias, a partir da data da apreensão do menor, para decidir qual medida socioeducativa será adotada.
Na Delegacia de Homicídios (DH), os investigadores pretendem fazer ainda nesta quarta-feira acareação entre os três acusados. Para o delegado Giniton Lages, a apresentação do terceiro garoto foi uma surpresa, pois o caso era dado como encerrado pela Polícia Civil. Este terceiro nega a participação do primeiro, de 16 anos, no crime.
'Nenhum inocente'. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), minimizou o fato de a DH ter dado como concluídas as investigações do assassinato. "Nenhum dos três é inocente. Todos os três vivem em função de assaltos, e não só no entorno da Lagoa. Agora, quem matou, isso vai surgir no decorrer das acareações e das investigações. Pelo menos dois deles estavam no caso do médico", afirmou Pezão na manhã desta quarta-feira.
"Foi um crime à noite, pode ter havido engano. As falhas a gente tem que corrigir, é inadmissível ter erros, principalmente quando uma pessoa é acusada de um crime que não cometeu", disse o governador. "Não estou passando a mão na cabeça do erro."
Perguntado se não seria grave a imputação do assassinato ao primeiro menor, agora inocentado pelo terceiro, Pezão respondeu: "(Ele) Assaltou outros, esfaqueou outros".
O rapaz que se entregou nesta terça-feira contou ter assaltado Jaime Gold tendo como comparsa o segundo adolescente apreendido; no dia em que este se entregou, o diretor da DH, Rivaldo Barbosa, e a delegada Patrícia Aguiar, que conduz o caso, afirmaram que os dois jovens atacaram o médico - o primeiro o teria esfaqueado. O objetivo foi roubar a bicicleta do médico.