ONG acusa PM de colocar em risco moradores da Maré

Total de 4341 crianças e adolescentes ficaram sem aulas nesta quinta, segundo a Secretaria Municipal de Educação

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Por Fabio Grellet
Atualização:
Polícia faz operação no Parque União, na Maré Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO

RIO - A ONG Redes da Maré, que atua no complexo de favelas da Maré, na zona norte do Rio, acusa a Polícia Militar do Rio de ter colocado em risco os moradores daquelas comunidades, durante operação realizada nesta quinta-feira, 6. “Durante a tarde de hoje, agentes do Comando de Operações Especiais da Polícia Militar arrombaram o portão da Escola Municipal Osmar Paiva Camelo, alvejaram a caixa d'água e invadiram o prédio escolar para utilizá-lo como base da operação. De dentro da escola a PM atirou com armas de grosso calibre contra uma área ao redor na comunidade Nova Holanda. Como a região é altamente populosa, a polícia gerou enorme risco da população ser atingida por seus disparos”, afirma o texto.

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“Enquanto o Estado não garantir o direito à segurança pública da população da Maré, seus outros direitos como educação e saúde continuarão a ser desrespeitados. Só neste semestre escolar, as crianças e adolescentes da Maré já tiveram meio mês a menos de aula porque a forma com que são realizadas as operações policiais geram riscos tão grandes que as escolas ficam impedidas de abrir suas portas. Isso é inadmissível”, afirmou Lidiane Malanquini, coordenadora do Eixo de segurança pública da ONG.

Segundo dados coletados pela Redes da Maré, de janeiro a maio de 2017 já ocorreram 13 dias de confrontos entre grupos civis armados, 16 dias de operações policiais, 14 dias sem aulas e 19 dias sem postos de saúde nas favelas da Maré. Os confrontos deixaram 15 pessoas mortas e 18 feridas. Nesta quinta-feira, 14 escolas, 2 creches e 7 Espaços de Desenvolvimento Infantil da Maré não abriram em decorrência dos riscos gerados pela operação policial - um total de 4341 crianças e adolescentes ficaram sem aulas, segundo a Secretaria Municipal de Educação. Com as escolas fechadas, as famílias dessas 4341 crianças tiveram que encontrar locais e cuidadores alternativos com quem deixá-las durante o dia, ressalta a ONG.

No fim de junho, a 6ª Vara da Fazenda Pública do Rio expediu uma decisão histórica determinando que a Secretaria Estadual de Segurança apresente em até 180 dias um plano de redução de riscos e danos a ser cumprido pelas forças policiais sempre que realizarem uma operação na Maré. A pasta ainda não foi intimada, por isso o prazo ainda não está correndo.

Resposta. Consultada na noite desta quinta-feira, a Polícia Militar não havia se manifestado até as 20h40.

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